27/07/2010

CRÔNICA - O DESABAFO DA ALMA


Os pés sobre o chão sentiam cada pedra que pisava, cada amargura do sofrimento, meus olhos pararam, olhavam o que meus sentimentos jamais haviam avistado, era uma imponência impar, sobre a sacada do prédio. Tamanha a importância que me fazia tremer, meus pés surrados não conseguiam concatenar os passos, minhas pernas estavam tremulas a respiração ficou falha não respondia, os sentidos somem e aparecem, que poder! Que poder absurdo! Um homem poderoso, temido e adorado.


Impotente fiquei sobre a sombra daquele em que todos afirmavam ser o sucessor do demônio, homem sem alma, sem sentimento que olhava as belas mulheres pousando na frente do jardim para a foto. Não sei que tentavam gravar naquele momento, alegria não havia, a perseguição era implacável, não havia o que guardar para a memória, só dor e tristeza.


Era um pranto sem fim. Então o frio, o frio cortou meu olhar, aquele homem me observa, e eu queria ser invisível naquele momento. Nunca ser aprisionado pela retina dele, nunca ser.
Ele repentinamente cochicha com outro e este desce e vem ao meu encontro, ai,ai, ai, eu já sei, vou ter o mesmo destino que muitos, mas nada, me pediu um jornal, eu dei, nada cobrei, é pouco pelo que achei que levaria, mas muito pelo que já levou,
                                                                          meus pais.

Texto de Eduardo Ayres Delamonica

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