SOMENTE PARA PESQUISA,
NAO PODENDO SER COPIADO E TRASCRITO
Nomes: Edson Caetano
Eliana de Moraes Bardella
Renata Grayce Corulli
Vanessa C. Sakamoto Campanha
3º Semestre de Ciências Contábeis
UNIFAC - ASSOCIAÇAO DE ENSINO DE BOTUCATU
PROFESSOR ADM. EDUARDO AYRES DELAMONICA
3º SEMESTRE/CONTABEIS
1. HISTÓRICO DA APICULTURA:
Pesquisas arqueológicas mostram que as abelhas sociais já produziam e estocavam mel há 20 milhões de anos, antes mesmo do surgimento do homem na Terra, que só ocorreu poucos milhões de anos atrás.
No início, o homem promovia uma verdadeira “caçada ao mel”, tendo que procurar e localizar os enxames, que muitas vezes construíam ninhos em locais de difícil acesso e de grande risco para os coletores. Naquela época, o alimento ingerido era uma mistura de mel, pólen, crias e cera, pois o homem ainda não sabia como separar os produtos do favo. Os enxames, muitas vezes, morriam ou fugiam, obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para consumo.
Há, aproximadamente, 2.400 anos a.C., os egípcios começaram a colocar as abelhas em potes de barro. A retirada do mel ainda era muito similar à "caçada" primitiva, entretanto, os enxames podiam ser transportados e colocados próximo à residência do produtor.
Apesar de os egípcios serem considerados os pioneiros na criação de abelhas, a palavra colmeia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha trançada chamada de colmo.
Naquela época, as abelhas já assumiam tanta importância para o homem que eram consideradas sagradas para muitas civilizações. Com isso várias lendas e cultos surgiram a respeito desses insetos. Com o tempo, elas também passaram a assumir grande importância econômica e a ser consideradas um símbolo de poder para reis, rainhas, papas, cardeais, duques, condes e príncipes, fazendo parte de brasões, cetros, coroas, moedas, mantos reais, entre outros.
Na Idade Média, em algumas regiões da Europa, as árvores eram propriedade do governo, sendo proibido derrubá-las, pois elas poderiam servir de abrigo a um enxame no futuro. Os enxames eram registrados em cartório e deixados de herança por escrito, o roubo de abelhas era considerado um crime imperdoável, podendo ser punido com a morte.
Nesse período, muitos produtores já não suportavam ter que matar suas abelhas para coletar o mel e vários estudos iniciaram-se nesse sentido. O uso de recipientes horizontais e com comprimento maior que o braço do produtor foi uma das primeiras tentativas. Nessas colmeias, para colheita do mel, o apicultor jogava fumaça na entrada da caixa, fazendo com que todas as abelhas fossem para o fundo, inclusive a rainha, e depois retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva para as abelhas.
Alguns anos depois, surgiu a idéia de se trabalhar com recipientes sobrepostos, em que o apicultor removeria a parte superior, deixando reserva para as abelhas na caixa inferior. Embora resolvesse a questão da colheita do mel, o produtor não tinha acesso à área de cria sem destrui-la, o que impossibilitava um manejo mais racional dos enxames. Para resolver essa questão, os produtores começaram a colocar barras horizontais no topo dos recipientes, separadas por uma distância igual à distância dos favos construídos. Assim, as abelhas construíam os favos nessas barras, facilitando a inspeção, entretanto, as laterais dos favos ainda ficavam presas às paredes da colmeia.
Em 1851, o Reverendo Lorenzo Lorraine Langstroth, inspirado no modelo de colmeia usado por Francis Huber, que prendia cada favo em quadros presos pelas laterais e os movimentava como as páginas de um livro, Langstroth resolveu estender as barras superiores já usadas e fechar o quadro nas laterais e abaixo, mantendo sempre o espaço abelha entre cada peça da caixa, criando, assim, os quadros móveis que poderiam ser retirados das colmeias pelo topo e movidos lateralmente dentro da caixa. A colmeia de quadros móveis permitiu a criação racional de abelhas, favorecendo o avanço tecnológico da atividade como a conhecemos hoje.
1.1. Introdução da Apis mellifera no Brasil:
As abelhas da espécie Apis mellifera foram introduzidas no Brasil em 1840, oriundas da Espanha e Portugal, trazidas pelo Padre Antônio Carneiro. Provavelmente as subespécies Apis mellifera mellifera (abelha preta ou alemã) e Apis mellifera carnica tenham sido as primeiras abelhas a chegar em nosso país.
Em 1845, imigrantes alemães introduziram no Sul do País a abelha Apis mellifera mellifera. Entre os anos de 1870 a 1880, as abelhas italianas, Apis mellifera ligustica foram introduzidas no Sul e na Bahia.
Em meados de 1950, a apicultura sofreu um grande baque em razão de problemas com a sanidade em função do surgimento de doenças e pragas(nosemose, acariose e cria pútrida européia), o que dizimou 80% das colmeias do País e diminuiu a produção apícola drasticamente. Diante desse quadro, ficou evidente que era preciso aumentar a resistência das abelhas no País.
Assim, em 1956, o professor Warwick Estevan Kerr dirigiu-se à África, com apoio do Ministério da Agricultura, com a incumbência de selecionar rainhas de colmeias africanas produtivas e resistentes a doenças. A intenção era realizar pesquisas comparando a produtividade, rusticidade e agressividade entre as abelhas européias, africanas e seus híbridos e, após os resultados conclusivos, recomendar a abelha mais apropriada às nossas condições.
Dessa forma, em 1957, 49 rainhas foram levadas ao apiário experimental de Rio Claro para serem testadas e comparadas com as abelhas italianas e pretas. Entretanto, nada se concluiu desse experimento, pois, em virtude de um acidente, 26 das colmeias africanas enxamearam 45 dias após a introdução.
A liberação dessas abelhas muito produtivas, porém muito agressivas, criou um grande problema para o Brasil. O pavor desse inseto invadiu o mundo em razão de notícias sensacionalistas nas televisões, jornais e revistas internacionais, que não condiziam exatamente com a verdade, mas ajudavam nas vendas. Nesse período, nenhum animal foi mais comentado em livros, entrevistas, reportagens e filmes do que as "abelhas assassinas" ou "abelhas brasileiras", como eram chamadas.
As "abelhas assassinas" eram consideradas pragas da apicultura e começaram a surgir campanhas para a sua erradicação, não só dos apiários, mas também das matas, com a aplicação de inseticidas em todo o País. Essa atitude, além de ser uma operação de alto custo, provocaria um desastre ecológico de tamanho incalculável.
Toda essa campanha acabou provocando o abandono de muitos apicultores da atividade e uma queda na produção de mel no País. Na verdade, o que acontecia era uma completa inadequação da forma de criação e manejo das abelhas africanas. Embora as técnicas usadas fossem adaptadas às abelhas européias, para as abelhas africanas, as vestimentas eram inadequadas; os fumigadores, pequenos e pouco potentes; as técnicas de manejo, impróprias para as abelhas e as colmeias dispostas muito próximas das residências, escolas, estradas e de outros animais. Todos esses fatores, em conjunto com a maior agressividade, facilitavam o ataque e os acidentes.
Com isso, muitos produtores considerados amadores abandonaram a atividade e os que permaneceram tiveram que se adaptar as novas técnicas de manejo, profissionalizando-se cada vez mais para controlar a agressividade das abelhas.
Hoje, as abelhas chamadas de africanizadas, por terem herdado muitas características das abelhas africanas, são consideradas como as responsáveis pelo desenvolvimento apícola do País, de modo que o Brasil é o 6º produtor mundial (20 mil t em 2001). A agressividade é considerada por muitos apicultores como um forte aliado para se evitar roubo da sua produção e ainda vêem a vantagem de serem tolerantes a várias pragas e doenças que assolam a atividade em todo o mundo, mas não têm acarretado impacto econômico no Brasil.
2.1. Produto;
2.1.1. Definição;
O mel é a substância viscosa, aromática e açucarada obtida a partir do néctar das flores e/ou exsudatos sacarínicos que as abelhas melíficas produzem.
Seu aroma, paladar, coloração, viscosidade e propriedades medicinais estão diretamente relacionados com a fonte de néctar que o originou e também com a espécie de abelha que o produziu.
• Composição
Apesar de o mel ser basicamente uma solução saturada de açúcares e água, seus outros componentes, aliados às características da fonte floral que o originou, conferem-lhe um alto grau de complexidade.
A composição média do mel, em termos esquemáticos, pode ser resumida em três componentes principais: açúcares, água e diversos. Por detrás dessa aparente simplicidade, esconde-se um dos produtos biológicos mais complexos. A tabela abaixo apresenta a composição básica do mel.
Composição Básica do Mel
Componentes Media (%)
Agua (%) 17,2
Frutose (%) 38,19
Glicose (%) 31,28
Sacarose (%) 1,31
Maltose (%) 7,31
Açúcares Totais (%) 1,50
Outros (%) 3,1
pH 3,91
Acidez livre (meq/kg) 22,03
Lactose (meq/kg) 7,11
Acidez total (meq/kg) 29,12
Lactose/Acidez livre 0,335
Cinzas (%) 0,169
Nitrogênio (%) 0,041
A. Açúcares;
Os principais componentes do mel são os açúcares, sendo que os monossacarídeos frutose e glicose representam 80% da quantidade total. Já os dissacarídeos sacarose e maltose somam 10%.
White & Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel, açúcares incomuns como a isomaltose, nigerose, leucarose e turanose.
A alta concentração de diferentes tipos de açúcar é responsável pelas diversas propriedades físicas do mel, tais como: viscosidade, densidade, higroscopicidade, capacidade de granulação (cristalização) e valores calóricos. Além dos açúcares, a água presente no mel tem papel importante na sua qualidade e características.
B. Água;
O conteúdo de água no mel é uma das características mais importantes, influenciando diretamente na sua viscosidade, peso específico, maturidade, cristalização, sabor, conservação e palatabilidade.
A água presente no mel apresenta forte interação com as moléculas dos açúcares, deixando poucas moléculas de água disponíveis para os microorganismos.
O conteúdo de água do mel pode variar de 15% a 21%, sendo normalmente encontrados níveis de 17%. Apesar de a legislação brasileira permitir um valor máximo de 20%, valores acima de 18% já podem comprometer sua qualidade final. Entretanto, níveis bem acima desses valores já foram encontrados por diversos pesquisadores em diferentes tipos de mel.
Em condições especiais de níveis elevados de umidade, o mel pode fermentar pela ação de leveduras osmofilíticas (tolerantes ao açúcar) presentes também em sua composição. A maior possibilidade de fermentação do mel está ligada ao maior teor de umidade e leveduras.
Outros fatores associados ao processo de fermentação estão relacionados com a má assepsia durante a extração, manipulação, envase e acondicionamento em local não-apropriado.
C. Enzimas;
A adição de enzimas pelas abelhas ao néctar irá causar mudanças químicas, que irão aumentar a quantidade de açúcar, o que não seria possível sem essa ação enzimática.
A enzima invertase adicionada pelas abelhas transforma 3/4 da sacarose inicial do néctar coletado nos açúcares invertidos glicose e frutose, ao mesmo tempo, que açúcares superiores são sintetizados, não sendo presentes no material vegetal original. Sua ação é contínua até que o "amadurecimento" total do mel ocorra.
Dessa forma, pode-se definir o amadurecimento do mel como a inversão da sacarose do néctar pela enzima invertase e sua simultânea mudança de concentração.
A enzima invertase irá permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo, a menos que seja inativada pelo aquecimento; mesmo assim, o conteúdo da sacarose do mel nunca chega a zero. Essa inversão de sacarose em glicose e frutose produz uma solução mais concentrada de açúcares, aumentando a resistência desse material à deterioração por fermentação e promovendo assim o armazenamento de um alimento altamente energético em um espaço mínimo.
A diastase quebra o amido, sendo sua função na fisiologia da abelha ainda não claramente compreendida, podendo estar envolvida com a digestão do pólen.
Como a diastase apresenta alto grau de instabilidade em frente às temperaturas elevadas, sua presença ou não se faz importante na tentativa de detectar possíveis aquecimentos do mel comercialmente vendido, apesar de que também em temperaturas ambientes ela pode vir a deteriorar-se quando o armazenamento for prolongado.
A catalase e a fosfatase são enzimas que facilitam a associação açúcar-álcool, sendo um dos fatores que auxiliam na desintoxicação alcoólica pelo mel. Entretanto, a catalase presente no mel se origina do pólen da flor e sua quantidade no mel depende da fonte floral e da quantidade de pólen coletado pelas abelhas.
A glicose-oxidase, que em soluções diluídas é mais ativa, reage com a glicose formando ácido glucônico (principal composto ácido do mel) e peróxido de hidrogênio, esse último capaz de proteger o mel contra a decomposição bacteriana até que seu conteúdo de açúcares esteja alto o suficiente para fazê-lo.
A principal substância antibacteriana do mel é o peróxido de hidrogênio, cuja quantidade presente no mel é dependente tanto dos níveis de glicose-oxidase, quanto de catalase, uma vez que a catalase destrói o peróxido de hidrogênio.
D. Proteínas;
Em concentrações bem menores, encontram-se as proteínas ocorrendo apenas em traços. A proteína do mel tem duas origens, vegetal e animal.
Sua origem vegetal advém do néctar e do pólen; já sua origem animal é proveniente da própria abelha. No segundo caso, trata-se de constituintes das secreções das glândulas salivares, juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do néctar ou da maturação do mel.
E. Ácidos;
Os ácidos orgânicos do mel representam menos que 0,5% dos sólidos, tendo um pronunciado efeito no flavor, podendo ser responsáveis, em parte, pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos. Sabe-se que o ácido glucônico está presente em maior quantidade, cuja presença relaciona-se com as reações enzimáticas que ocorrem durante o processo de amadurecimento. Já em menor quantidade, podem-se encontrar outros ácidos como: acético, butírico, lático, oxálico, fórmico, málico, succínico, pirúvico, glicólico, cítrico, butiricolático, tartárico, maléico, piroglutâmico, alfa-cetoglutárico, 2- ou 3-fosfoglicérico, alfa- ou beta-glicerofosfato e vínico.
F. Minerais;
Os minerais estão presentes numa concentração que varia de 0,02% a valores próximos de 1%.
Entre os elementos químicos inorgânicos encontrados no mel, podem-se citar: cálcio, cloro, cobre, ferro, manganês, magnésio, fósforo, boro, potássio, silício, sódio, enxofre, zinco, nitrogênio, iodo, rádio, estanho, ósmio, alumínio, titânio e chumbo.
Embora em concentrações ínfimas, vitaminas, tais como: B1, B2, B3, B5, B6, B8, B9, C e D também são encontradas no mel, sendo facilmente assimiláveis pela associação a outras substâncias como o hidrato de carbono, sais minerais, oligoelementos, ácidos orgânicos e outros. A filtração do mel para fim comercial pode reduzir seu conteúdo de vitaminas, exceto a de vitamina K, pois tal filtração retira do mel o pólen, responsável pela presença de vitaminas no mel.
2.1.2. Destino;
• Como alimento - O mel é um ótimo alimento energético, porque contém açúcares simples, facilmente assimilados pelo organismo. Pode ser utilizado misturado a outros alimentos ou simplesmente puro.
• Como remédio: Xaropes para tosse e expectorante; um ótimo revigorante para pessoas cansadas e nervosas; é bom para prevenir ou mesmo combater gripes e resfriados;
• Como produtos cosméticos: Pode ser utilizado para a limpeza e nutrição da pele do rosto (cremes hidratantes); Xampus; Sabonetes; Condicionadores, Perfumes; entre outros.
2.1.3. Preço Médio de Venda:
O preço médio de venda tem estado em torno de:
- Para o Varejo – R$ 10,00 o Kg
- Para o atacado (empresas exportadoras) – R$ 150,00 o balde de 25 Kg,
equivalendo cada Kg a R$ 6,00.
2.1.4. Produto Substituto:
O mel foi o primeiro adoçante consumido pelo homem. Até o século XIII, o mel era a única substância doce usada na cozinha. Nos tempos antigos, o mel era largamente consumido para promover a longevidade. Com o advento do açúcar de beterraba e de cana o consumo de mel como alimento perdeu o seu valor. A substituição do mel pelo açúcar trouxe grande prejuízo para a saúde do homem. Uma vez que houve perda de propriedades nutricionais e terapêuticas.
Poder nutricional do Mel de Abelhas Comparado com o açúcar.
Quantidades diárias recomendadas em gramas:
• De 3 a 5 anos 5 a 8g
• De 6 a 12 anos 8 a 12g
• De 12 a 20 anos 12 a 15g
• Acima de 20 anos 20 a 30g
2.1.5. Principais Concorrentes:
O Mercado de Mel na cidade de Botucatu é representado aproximadamente por 15 apicultores autônomos, ou seja, empresas informais, compostas em sua maioria pela família do produtor e sem representatividade no mercado nacional.
Inegavelmente, a concorrência no mercado desses produtos, deve ser realizada quase que exclusivamente pela via do preço, pela via da qualidade e da apresentação do produto, ou seja, deve-se estabelecer uma política permanente de busca de domínio de novas tecnologias visando a redução destes custos e de formas mais atraentes de colocação do produto nos mais diferentes mercados.
2.2. Oferta X Demanda:
Em relação ao gráfico acima, verifica-se que em 1996, a produção do mel foi menor do que o consumo aparente interno; este índice da procura deste produto segue até o ano de 1999.
No ano de 2000, houve uma igualdade entre ambos, e somente após 2001, a produção começou a ser maior do que o consumo do produto. Isto ocorreu devido às mudanças de hábitos de consumo dos brasileiros, que passaram a utilizá-lo somente como medicamento e também pelo crescimento do setor da apicultura.
Porém a procura de outros países (onde o consumo de mel é maior) pelo mel brasileiro tem aumentado, pois o Brasil destaca-se pela variabilidade e qualidade de seus produtos, principalmente pela produção ser obtida de florestas silvestres, que esta se tornando cada vez mais escassa no mundo.
FONTE XIV CONGRESSO DE APICULTURA 2002
2.2.1. Caracterização do Mercado a ser Atingido;
Iremos produzir o mel para revendê-lo para A Realeira e para Mel Alvorada, empresas situadas na cidade de Botucatu/SP, e também para A Hambertuci, situada na cidade de Rio Claro/SP, as quais utilizaram o produto para a exportação. Também iremos comercializar o mel diretamente ao consumidor.
2.3. Localização:
A localização da unidade será na Fazenda Americana, situada no Município de Itatinga/SP, atendendo as exigências locais específicas, ficando condicionada a sua instalação em área rural, devido a questões de controles de segurança, e pelo menos quatro quilômetro distante de indústrias de açúcar, álcool e cachaça ou culturas de cana de açúcar. Desta forma, estando a produção idealmente localizada junto às fontes de matérias primas: florada de eucaliptos, floresta silvestre e florada de laranja. O clima, a proximidade de água não poluída (as abelhas não devem viajar mais de 300 metros para sua coleta), o bom acesso rodoviário o que proporciona maior facilidade de manutenção e transporte do produto acabado.
3. ENGENHARIA DO PROJETO:
3.1. Escala do Projeto;
- Produção Anual por colméia - 30 Kg.
- Produção Anual Total – 30 Kg X 500 colméias = 15.000 Kg.
3.2. Descrição Detalhada do Processo
O processo de criação de abelhas para a produção de mel consiste basicamente em:
• Preparação das colmeias:
A Colmeia é a casa das abelhas, e é habitada por uma colônia ou família de abelhas. Essa deve ser construída rigidamente dentro de medidas que obedeçam ao “espaço abelha”, isto é, de acordo com o seu corpo e o espaço das suas pernas. Este espaço é de seis a 9 milímetros, e deve ser respeitado internamente em todos os componentes da colméia.
O tipo de colméia a ser utilizada será o modelo Langstroth, composta dos seguintes elementos: fundo ou assoalho, ninho com dez quadros, sobreninhos ou melgueiras com dez quadros cada compartimento, tampa e cobertura, para ajudar na conservação da colmeia.
A madeira para a construção das colmeias deve ser leve, de boa durabilidade, seca, e nunca ter sido tratada com produtos químicos contra cupim, brocas ou fungos. A colméia deve ser toda desmontável, e para aumentar sua vida útil, elas devem ser banhadas com uma mistura de querosene, parafina e cera, ou pintadas. No caso de pintura, a tinta utilizada deve ser à base de óleo ou base plástica. As cores mais recomendáveis são as claras, de preferência, o azul, o azul esverdeado, o verde e o amarelo.
• Instalação das colméias no campo:
As colméias devem ser fixadas sobre cavaletes a uma altura entre 50 e 60 centímetros do chão, para proteção da colméia, do enxame e para maior conforto para o apicultor, que poderá trabalhar em pé.
As colméias devem ser alocadas no campo obedecendo a certos esquemas básicos de distribuição:
a) não instalar mais de 40 colméias num mesmo lugar, se a média de produção colméia/ano estiver abaixo de 25 quilos, diminui-se o número de colméias no apiário, se estiver entre 30 e 50 quilos é sinal que, o número de flores e de abelhas estão equilibradas;
b) guardar uma distância mínima de 3 quilômetros entre apiários;
c) armar as colméias preferencialmente formando um desenho tipo U, que facilite a entrada de veículo perto das colméias para manutenção;
d) é importante que o alvado das colméias, deva ficar sempre de frente para o sol nascente.
• Povoamento
Para povoar as colméias serão compradas famílias inteiras de abelhas de apicultores especializados.
• Inspeção e revisão:
É recomendável não manipular as colméias com freqüência, pois isto é prejudicial às mesmas por interromper e atrapalhar seu serviço diário. No entanto, as revisões no apiário se fazem necessário em certos momentos. No essencial, as abelhas não devem ser perturbadas sem um bom motivo. Os ninhos devem ser revisados entre 15 e 30 dias, com maior freqüência em épocas de floradas abundantes. Os motivos de uma revisão são:
a) fazer a extração de mel;
b) avaliar as reservas de mel;
c) avaliar a postura da rainha;
d) orfanar a colônia (retirar a rainha) quando necessário;
e) fazer a introdução de uma nova rainha;
f) avaliar o espaço interno;
g) trocar o número de quadros ou compartimentos ocupados;
h) alimentar as colmeias, e
i) remanejar os quadros.
Basicamente são feitas duas revisões gerais nos apiários, uma de preparo para as estações produtivas, ou seja, para a época das floradas, e uma outra de preparo do inverno onde praticamente não existem, ou existem poucas floradas.
A primeira é chamada de preparo para a primavera, e recomendam-se as seguintes providências:
a) além de todo o material de trabalho normal, levar até o apiário um ninho vazio, com a própolis raspada e bem limpo;
b) no apiário, retirar cavalete e colocar ao lado deste, a primeira colmeia povoada que vai ser trabalhada;
c) no cavalete, colocar o ninho vazio na mesma posição em que estava a colmeia;
d) abrir a colmeia, e retornar um a um os quadros com os favos e abelhas, aproveitando para raspar a própolis, e recolocá-los na mesma posição e ordem no ninho vazio. Favos com defeitos ou problemas não devem ser aproveitados;
e) avaliar a postura da rainha no ninho;
f) verificar as novas larvas para ver se não há doença;
g) verificar se já está entrando na colméia pólen e mel novo. Em caso negativo fornecer alimento estimulante às abelhas;
h) o ninho que foi assim desocupado, deve ser raspado e limpo para servir à próxima colmeia a ser trabalhada.
Essas providências são importantes pois, despertadas por boas floradas, é nessa época que as abelhas trabalham mais. Por isso, o apicultor deve se manter mais atento para evitar que falte nas colmeias as seguintes condições:
a) espaço livre para postura da rainha;
b) melgueiras ou sobreninhos para postura da rainha e para o mel;
c) alvado livre para o bom tráfego das abelhas e para a boa ventilação;
d) espaço nos ninhos, remanejando quando necessário os quadros para descongestionar os ninhos.
A segunda grande revisão é a chamada revisão de inverno. É nessa temporada que os apicultores perdem o maior número de famílias de abelhas, principalmente pela falta de cuidados, ligados basicamente com a baixa quantidade de alimentos disponível às abelhas. Nessas revisões, devem ser observados os seguintes procedimentos básicos:
a) retirar das colmeias as melgueiras e os sobreninhos que as abelhas não estiverem ocupando e guardá-los no depósito;
b) avaliar e anotar no diário as reservas de alimento existentes em cada colmeia. Uma família de abelhas, com o ninho cheio, precisa de três a cinco favos de mel para passar o inverno;
c) as colmeias com pouca reserva de mel, devem ser revisitadas durante o inverno para o fornecimento a elas de alimentos de manutenção. Nessas ocasiões, basta levantar um ou dois favos, para verificar se ainda têm alimento. Esses movimentos devem ser os mais rápidos possíveis, para evitar o resfriamento e pilhagem, por isso devem ser feitos preferencialmente em dia de boa insolação;
d) reduzir o alvado ao máximo, para que as abelhas possam se proteger do frio e de possíveis inimigos;
e) as colmeias deterioradas com o tempo, devem ser retiradas para serem substituídas por novas;
f) é importante fazer uma boa limpeza do terreno em volta, para permitir a entrada de sol e evitar o acesso mais fácil de inimigos.
É sempre bom lembrar que temos de reconhecer que as abelhas fabricam o mel para alimento delas, e não para o homem, e assim como o homem procura construir um ambiente de proteção para sua moradia, o mesmo procedimento é encontrado em uma colmeia. Essa “cerca” de proteção construída pelas abelhas pode ser invisível os olhos dos homens, mas ela certamente existe. Para defesa da colméia, o ataque ao inimigo é sempre muito bem organizado. As abelhas vigias, que ficam no alvado, estão sempre atentas e quando o inimigo se aproxima, dão o alerta e partem para o ataque – que em verdade é uma atitude de defesa – coletivo ao inimigo começa. Assim, quando de qualquer revisão e/ou inspeção em uma colméia, o apicultor deve observar basicamente as seguintes normas de manejo, proteção e segurança:
a) escolher um dia de boa insolação e sem ventos, e trabalhar entre 09:00 e 15:00 horas;
b) vestir a roupa de proteção completa, inclusive capuz e luvas;
c) testar o fumigador antes de se aproximar da colmeia, e fazer esta aproximação da forma mais quieta possível;
d) no começo, aplicar algumas baforadas de fumaça para dentro do alvado, para surpreender as abelhas vigias;
e) esperar de dois a três minutos para que as abelhas consumam uma boa quantidade de mel;
f) para começar o trabalho, ficar sempre na parte de trás ou ao lado da colméia para não interferir na linha de vôo das abelhas;
g) dar mais uma baforada de fumaça no alvado, e com uma peça metálica levantar a tampa, aplicando novas baforadas de fumaça agora direto sobre os quadros;
h) ao retirar o primeiro favo o fazer bem lentamente para não esmagar as abelhas;
i) para observar o favo, é importante segurá-lo na mesma posição em que esse se encontrava na colméia, para evitar que caia pólen ou mel;
j) evitar respirar sobre as abelhas;
k) quando da retirada das melgueiras ou sobreninhos, é importante não colocá-los diretamente sobre o chão, para que não os suje ou mate as abelhas;
l) para recolocar a tampa, deve-se ter o cuidado de fazê-lo também lentamente, para não matar as abelhas;
m) finalmente ao manipular uma colméia, deve-se procurar controlar com fumaça as colméias vizinhas, pois as abelhas vigias estão sempre de prontidão.
• Colheita
Por ocasião da colheita do mel o apicultor antes de ir a campo deve tomar algumas providencias básicas como:
a) limpar a casa de mel, ou sala de centrifugação;
b) lavar e enxugar bem a centrífuga;
c) deixar limpos, e de fácil manuseio facas e garfos desoperculadores, filtros e baldes para o mel;
d) limpar o cocho desoperculador, e os tanques decantadores;
e) providenciar toalhas e águas limpas para lavar as mãos;
f) comprar as embalagens necessárias para o envase do mel;
g) lavar a carroceria do carro transportador, para evitar cheiros estranhos;
h) providenciar lonas para a forração e cobertura da carga do veículo.
Na visita às colmeias é feita a seleção dos favos, devendo ser retirados apenas os de mel maduro, ou seja, aqueles que estiverem totalmente operculados, com todos os opérculos fechados com cera. Se eventualmente junto com o mel maduro, forem colhidos alguns favos que não estejam operculados, estes devem ser centrifugados em separado, pois o mel de seu interior é o chamado mel verde, que contém alto teor de umidade. Esse último deverá ser consumido dentro de 90 dias preferencialmente.
No momento de abertura das colmeias, a fumaça deve ser aplicada por cima dos favos (e não de cima para baixo). Quando o operador levantar um quadro, o bico do fumegador deve ser direcionado para o outro lado, pois se a fumaça for direta aos favos o mel adquirirá gosto e cheiro de fumaça perdendo valor comercial. Depois que o operador sacudir as abelhas, e for guardar o favo no ninho receptor, é que deve ser aplicada mais fumaça sobre as abelhas.
O apicultor deve levar um ninho receptor, com fundo e tampa, para colocar os primeiros favos até desocupar aquele cujo mel está sendo colhido. Este processo possui a vantagem de não expor os favos a poeiras, e evita a invasão de abelhas pilhadoras. Os favos então são transportados para a casa do mel, sem abelhas, dentro dos ninhos, como estavam na colméia.
É aconselhável que se forre o piso do veículo de transporte dos ninhos, com capim ou similar, para evitar muitos solavancos e quebra dos favos no caminho, do apiário até a casa do mel. Deve-se também, forrar os ninhos com lona, para evitar poeira e chuva.
• Desoperculação:
Esta é a primeira atividade realizada na casa do mel, e consiste em retirar os opérculos de cera, que são depositados nos favos, com o auxílio de um garfo desoperculador. Esta operação é realizada em todos os quadros, tanto de um lado quanto de outro, de preferência em uma mesa de aço inox. Antes de iniciar esta atividade, o operador deve, como sempre, lavar bem as mãos e enxugá-las muito bem em toalha limpa, pois o mel fermenta muito facilmente em contato com a água.
Os opérculos retirados deverão ser colocados sobre uma peneira fina, durante 24 horas para o recolhimento dos restos de mel. O mel recolhido através da compressão dos opérculos, deve ser recolhido separadamente, pois é de qualidade inferior.
• Centrifugação:
Após a desoperculação, os quadros são encaminhados para a centrifugação, realizada por equipamentos mecânicos. Finda a atividade de centrifugação, os favos são retirados da centrífuga e encaminhados para recolocação nas colméias.
• Decantagem:
O mel recolhido pela centrífuga passa então por um processo de filtragem, utilizando-se um coador de tela malha 10, antes da entrada do mesmo nos tanques de decantação. O mel deve permanecer nestes tanques, que devem estar bem limpos e secos, por dois dias para a separação das impurezas, quando então são embalados para armazenagem em latas ou tambores.
• Estocagem:
A estocagem do mel é feita em baldes muito limpos e secos, e que possuem um processo hermético de fechamento. Preferencialmente, utiliza-se material novo protegido por verniz, e próprio para a guarda de alimentos, e não material reaproveitado de outro uso.
Nessa embalagem, o mel deve ficar uns dois centímetros abaixo da tampa, evitando-se assim que se mantenha muito ar no recipiente, ou que o mel encoste-se à tampa. Quando as embalagens de estocagem de mel estiverem em local definitivo, é conveniente abri-las novamente, e fazer a limpeza das tampas, para depois fechá-las definitivamente. Evita-se assim que após alguns dias, as gotas de mel que estejam nas tampas se oxidem, e pinguem das tampas para o volume da massa.
A área de estocagem deve ser a mais limpa, e sem cheiros possíveis.
• Envase:
O processo de envasamento para o encaminhamento do produto para os mercados consumidores, deverá ser feito preferencialmente com a utilização de embalagens novas de plástico transparente ou baldes de plástico. De todas as embalagens disponíveis essas são as que melhor apresentam o produto, sendo também as mais seguras, pois permitem um bom fechamento hermético.
Quando do envase propriamente dito, ou seja, da passagem do mel das unidades de estocagem para as de comercialização, deve-se tomar o cuidado de evitar a formação de bolhas de ar e espuma nos potes, pois as bolhas de ar que ficam entre as camadas comprometem o produto, e este logo fermenta. Assim, aconselha-se posicionar o frasco um pouco inclinado embaixo da torneira, fazendo o mel escorrer pela parede do frasco.
• Comercialização:
Após o envasamento o produto é destinado à comercialização. Essa pode ser feita diretamente ao consumidor e negociado por atacado para as empresas exportadoras
3.3. Fluxograma do Processo
3.4. Necessidades e Requisitos:
- Terreno (2 hectare = 20.000 m²)
- Casa do Mel (40 m²)
- 500 Colméias completas com cavalete
- 500 Famílias de abelhas
- 1 Veículo (pick-up)
- 1 Especialista em apicultura – extração do mel (próprio apicultor)
- 2 pessoas auxiliares no processo de extração
- 2 Vestimentas completas (macacões, toca, luvas, botas)
- Utensílios (Martelo de marceneiro, Alicate, arame, esticador de arame, carretilha de apicultor, limpador de canaleta, formão de apicultor, vassoura ou espanador apícola)
- 2 Fumigadores
- Peneiras e baldes
- 1 Mesa desoperculadora em aço inox 304 e seus utensílios (garfo desoperculador, faca desoperculadora, aparelho automático de desoperculação)
- 1 Centrífuga em aço inox 304
- 1 Tanque decantador em aço inox 304
- 1 Tanque homogeneizador em aço inox 304
- 1 Mesa coletadora em aço inox 304
- Embalagens – 1500 potes de plásticos de 1Kg
540 baldes de plástico de 25 Kg
OBS: Para que o mel possa ser extraído dos favos, sob um processo com qualidade, garantindo assim, a qualidade do produto final, todos os equipamentos e utensílios utilizados nas várias etapas de manipulação devem ser específicos para essa atividade, não cabendo qualquer forma de adaptação. No caso dos equipamentos e utensílios que irão ter contato direto com o produto, todos devem ser de aço inoxidável 304, específico para produtos alimentícios.
3.5. Croqui:
• Instalação do apiário (forma de U)
• Colméia LANGSTROTH (em milímetros)
4.1.2. Estimativa do Capital de Giro:
O Capital de Giro compreende o volume de recursos financeiros necessários para sustentar o processo operacional da unidade produtora, compreendido desde a compra das matérias primas, seu processamento, a política de estoques da empresa, e a sistemática de comercialização dos produtos finais.
A estimativa dos valores do capital de giro necessário para o financiamento das vendas, manutenção de estoques de produtos acabados e produtos em processo foi realizada tendo como base o valor do custo total mensal menos a depreciação mensal. O Caixa Mínimo está estimado como sendo, um volume de recurso suficiente para cobrir dois dias de faturamento. O processo de comercialização proposto para este empreendimento prevê um prazo médio de vendas de 30 dias. O estoque médio está estimado em: 30 dias para embalagens, 30 dias para os produtos acabados, e 180 dias para os produtos em processo de elaboração.
No processo operacional também são gerados recursos que podem ser assim considerados. A compra das embalagens será realizada com um prazo médio de 30 dias. A proposta básica para a operação deste empreendimento é a de se evitar o desconto de duplicatas, para fugir dos altos custos financeiros que estas operações envolvem. Os itens Impostos, Energia, Mão de Obra e Encargos são pagos com um prazo médio de 15 dias, considerando que há utilização de mão de obra, energia, vendas, e conseqüentemente impostos, do dia primeiro até o dia 30, e que os desembolsos correspondentes a estes fluxos econômicos só ocorrem após esta data final.
4.1.3. Estimativa de Reserva Técnica:
O presente perfil propõe que no cálculo dos Investimentos Totais, seja incluída uma Reserva Técnica, como garantia de qualquer eventualidade de sub-estimativa de necessidade de capital (seja de capital fixo ou de trabalho), equivalente a 2% da soma do Capital Fixo mais 2% do Capital de Giro.
4.1.4. Investimento Total
6. CONCLUSÃO:
O presente projeto apresenta viabilidade econômica para os próximos 10 anos de R$ 66.936,16 , uma taxa de retorno de 22,60 % ao ano, levando-se em conta um Lucro Líquido constante de R$ 29.150,00 por ano.
Há uma grande possibilidade de que esse retorno aconteça em menos tempo, pois a demanda do mel brasileiro vem aumentando, devido a procura por produtos mais saudáveis e pelo aumento de exportações.
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