07/05/2010

HISTÓRIA - O “GENERAL” SANTOS DUMONT.

“Valmont, 11 de outubro de 1926.

Prezado Antônio:
Venho te pedir um grande favor: como já deves saber; um senhor senador propôs, sem me consultar, a minha nomeação de General! Isto parece até coisa sarcástica, pois em fevereiro propus a abolição da aviação como arma de guerra. Venho, pois, te pedir, como sei que és muito amigo do nosso futuro Presidente, para pedir a ele que mande parar tudo isto e mais homenagens, pois eu como você sabe, ando já há dois anos doente dos nervos e só peço a Deus uma coisa, é que me deixem em paz. Já aqui estou há dois meses e não tenho coragem de sair. desde já te agradeço e também ao Dr. Washington Luiz. Eu não sei quando irei até ai. Muitas recomendações a D. Eglantina.
Saudades do amigo.”
Santos Dumont escreve para seu amigo Antônio Prado Júnior, horrorizado pela homenagem oferecida por um senador do Brasil, como General Honorário.

No dia 23 de julho de 1932, após o bombardeio de uma esquadrilha de aviões da Ditadura no Campo de Marte, e depois de conversar com o aviador Edu Chaves “a respeito do infeliz destino da Aeronáutica”, precisamente às onze horas, a camareira do hotel onde se encontrava o inventor na cidade de Guarujá, a senhora Francilia Mucci, “chegou à gerência. Nervosa, em pranto, ela gritava:
- “suicidou-se o doutor do 152! Coitado do doutor!”

O inventor Santos Dumont que a muito havia lutado pela paz no mundo havia sido encontrado morto, “No mesmo dia da morte, o corpo foi embalsamado em São Paulo, no Hospital Santa Catarina. O Dr. Walther Harberfeld, notável medico austríaco realizou o trabalho. E no momento em que as vísceras eram extraídas, o facultativo chamou a atenção do biologista Dissman para o tamanho anormal do coração de Santos Dumont, que ele classificou como ‘bovino’- coração de boi - por ser realmente grande, enorme em relação ao físico do inventor.”.

No dia do suicídio seus amigos que estavam vestidos de luto, Arnaldo Vilares e Ricardo Severo, noticiaram o fato para o Governador da época o senhor Pedro de Toledo, que posterior à informação ordenou que não houvesse inquérito, pois o aviador não havia cometido suicídio, nesta linha o Chefe de policia da ocasião o Dr. Tirso Martins transmitiu a ordem para o Delegado Raimundo de Menezes para que não abrisse inquérito. Sendo assim, só 23 anos depois o óbito registrado, precisamente no dia 03 de novembro de 1955.
A proclamação de Goes Monteiro, comandante das tropas ditatoriais, ao povo paulista consistia ‘Em homenagem à memória do imortal pioneiro da Aviação, as unidades aéreas do Destacamento do Exercito Leste, deixarão de bombardear as posições militares inimigas.”.

Portanto o grande inventor Santos Dumont, conseguiu mesmo que em momento breve paralisar bombardeios, proporcionando a tão sonhada paz que perseguia posterior a sua invenção. Talvez se seus aviões tivessem direcionado suas atenções para a paz e para o desbravamento de novos horizontes o imortal morresse de modo mais brando sonhando com um dia melhor, Santos Dumont enforcou-se, talvez pela doença incurável ou pela doença da consciência de ter alimentado nos homens o poder de conquistar pelo gosto da morte novos horizontes.

fonte de pesquisa - - As Lutas, A Gloria e o Martírio de Santos Dumont., Jorge – Fernando, 2ª edição, Nova época Editorial LTDA. 1973.
Trecho extraido do livro Necropsia do Homem de Eduardo A. Delamonica (em fase de registro na Biblioteca Nacional) 


DOCUMENTOS revelam que o Pai da Aviação se matou porque sofria de transtorno bipolar – e não pelo fato de ver sua invenção utilizada na guerra

Há um século, Alberto Santos Dumont atraía a atenção do mundo: num campo da cidade de Saint – Cyr, nos arredores de Paris, o brasileiro alçava aos ares o modelo n° 19 do Demoiselle, num vôo de 200 metros. O fato se deu no dia 16 de novembro de 1907. No ano anterior, pilotando o 14 Bis, ele entrara para a história ao provar que o homem pode voar – com o Demoiselle, descobriu como se manter no ar. O centenário dessa conquista é o tema da exposição Passo a passo, salto a salto, vôo a vôo: o cientista Santos Dumont, no Museu de Astronomia e Ciências Afins, no Rio de Janeiro. No acervo há fotos, recortes de jornais da época, réplicas das máquinas voadoras criadas por ele. “Em um pequeno espaço é possível ter idéia de sua intensa produção em dez anos”, diz o físico Henrique Lins de Barros, curador da mostra. Entre os documentos destaca-se o atestado de óbito do inventor: ele se suicidou enforcando- se com uma gravata, mas está registrado que morreu de “colapso cardíaco” em julho de 1932. Tão falsa quanto essa causa mortis é a alegação de que teria se matado por desgosto com o uso bélico dos aviões. “Quiseram transformá-lo em ‘Santo’ Dumont”, diz Lins de Barros.


Em sua avaliação, a intenção do governo Getúlio Vargas (1930 a 1937 e 1950 a 1954) era fazer de Santos Dumont um herói. O suicídio poderia passar a idéia de que o Brasil não cuidava bem de seus expoentes, já que ele era um cientista de fama internacional. Além disso, teoriza Lins de Barros, o período getulista era propício à fabricação de heróis e um suicídio poderia desmontar o mito. “Então, criouse a lenda de que Santos Dumont não suportou ver seu invento usado para a guerra”, diz o curador. Para refutar essa versão, ele lembra que o inventor chegou a saudar os militares franceses que participaram da Primeira Guerra Mundial por terem usado aeronaves para restabelecer a paz. E teria repetido tal comportamento em diversas outras oportunidades. O motivo real do suicídio teria a ver com seu estado psíquico. Nos últimos tempos, Santos Dumont mostrou sinais de depressão e angústia. Um dos documentos expostos no Museu de Astronomia é justamente um comprovante de sua consulta com o psiquiatra Juliano Moreira, que é considerado o introdutor dessa especialidade médica no Brasil.
Cogita-se de que ele sofresse de esclerose múltipla ou transtorno bipolar, males ainda não identificados na época. A mostra também questiona a propalada homossexualidade do inventor. Nos recortes de jornais colecionados pelo próprio Santos Dumont, ele aparece de mãos dadas com uma mulher que seria sua noiva, a americana Edna Powers. Há registros de outras duas supostas noivas. “Essa idéia surgiu porque ele se dedicava completamente ao trabalho e por um período não teve tempo para relacionamentos pessoais”, diz o pesquisador. “Os Irmãos Wright (americanos que disputaram com o brasileiro a paternidade do avião) também não casaram e nem por isso se diz que eles eram gays.” Além de documentos que servem de combustível para polêmicas, a exposição tem papéis que simplesmente homenageiam esse brasileiro brilhante. Um deles é um postal manuscrito com os dizeres: “Para Santos Dumont, pioneiro da navegação aérea.” É o reconhecimento de um gênio a outro gênio. A assinatura é de Thomas A. Edison, o inventor da lâmpada elétrica.

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