“Valmont, 11 de outubro de 1926.
Prezado Antônio:
Venho te pedir um grande favor: como já deves saber; um senhor senador propôs, sem me consultar, a minha nomeação de General! Isto parece até coisa sarcástica, pois em fevereiro propus a abolição da aviação como arma de guerra. Venho, pois, te pedir, como sei que és muito amigo do nosso futuro Presidente, para pedir a ele que mande parar tudo isto e mais homenagens, pois eu como você sabe, ando já há dois anos doente dos nervos e só peço a Deus uma coisa, é que me deixem em paz. Já aqui estou há dois meses e não tenho coragem de sair. desde já te agradeço e também ao Dr. Washington Luiz. Eu não sei quando irei até ai. Muitas recomendações a D. Eglantina.
Saudades do amigo.”
No dia 23 de julho de 1932, após o bombardeio de uma esquadrilha de aviões da Ditadura no Campo de Marte, e depois de conversar com o aviador Edu Chaves “a respeito do infeliz destino da Aeronáutica”, precisamente às onze horas, a camareira do hotel onde se encontrava o inventor na cidade de Guarujá, a senhora Francilia Mucci, “chegou à gerência. Nervosa, em pranto, ela gritava:
- “suicidou-se o doutor do 152! Coitado do doutor!”
O inventor Santos Dumont que a muito havia lutado pela paz no mundo havia sido encontrado morto, “No mesmo dia da morte, o corpo foi embalsamado em São Paulo, no Hospital Santa Catarina. O Dr. Walther Harberfeld, notável medico austríaco realizou o trabalho. E no momento em que as vísceras eram extraídas, o facultativo chamou a atenção do biologista Dissman para o tamanho anormal do coração de Santos Dumont, que ele classificou como ‘bovino’- coração de boi - por ser realmente grande, enorme em relação ao físico do inventor.”.
No dia do suicídio seus amigos que estavam vestidos de luto, Arnaldo Vilares e Ricardo Severo, noticiaram o fato para o Governador da época o senhor Pedro de Toledo, que posterior à informação ordenou que não houvesse inquérito, pois o aviador não havia cometido suicídio, nesta linha o Chefe de policia da ocasião o Dr. Tirso Martins transmitiu a ordem para o Delegado Raimundo de Menezes para que não abrisse inquérito. Sendo assim, só 23 anos depois o óbito registrado, precisamente no dia 03 de novembro de 1955.
A proclamação de Goes Monteiro, comandante das tropas ditatoriais, ao povo paulista consistia ‘Em homenagem à memória do imortal pioneiro da Aviação, as unidades aéreas do Destacamento do Exercito Leste, deixarão de bombardear as posições militares inimigas.”.
Portanto o grande inventor Santos Dumont, conseguiu mesmo que em momento breve paralisar bombardeios, proporcionando a tão sonhada paz que perseguia posterior a sua invenção. Talvez se seus aviões tivessem direcionado suas atenções para a paz e para o desbravamento de novos horizontes o imortal morresse de modo mais brando sonhando com um dia melhor, Santos Dumont enforcou-se, talvez pela doença incurável ou pela doença da consciência de ter alimentado nos homens o poder de conquistar pelo gosto da morte novos horizontes.
fonte de pesquisa - - As Lutas, A Gloria e o Martírio de Santos Dumont., Jorge – Fernando, 2ª edição, Nova época Editorial LTDA. 1973.
Trecho extraido do livro Necropsia do Homem de Eduardo A. Delamonica (em fase de registro na Biblioteca Nacional)
DOCUMENTOS revelam que o Pai da Aviação se matou porque sofria de transtorno bipolar – e não pelo fato de ver sua invenção utilizada na guerra
Há um século, Alberto Santos Dumont atraía a atenção do mundo: num campo da cidade de Saint – Cyr, nos arredores de Paris, o brasileiro alçava aos ares o modelo n° 19 do Demoiselle, num vôo de 200 metros. O fato se deu no dia 16 de novembro de 1907. No ano anterior, pilotando o 14 Bis, ele entrara para a história ao provar que o homem pode voar – com o Demoiselle, descobriu como se manter no ar. O centenário dessa conquista é o tema da exposição Passo a passo, salto a salto, vôo a vôo: o cientista Santos Dumont, no Museu de Astronomia e Ciências Afins, no Rio de Janeiro. No acervo há fotos, recortes de jornais da época, réplicas das máquinas voadoras criadas por ele. “Em um pequeno espaço é possível ter idéia de sua intensa produção em dez anos”, diz o físico Henrique Lins de Barros, curador da mostra. Entre os documentos destaca-se o atestado de óbito do inventor: ele se suicidou enforcando- se com uma gravata, mas está registrado que morreu de “colapso cardíaco” em julho de 1932. Tão falsa quanto essa causa mortis é a alegação de que teria se matado por desgosto com o uso bélico dos aviões. “Quiseram transformá-lo em ‘Santo’ Dumont”, diz Lins de Barros.
Em sua avaliação, a intenção do governo Getúlio Vargas (1930 a 1937 e 1950 a 1954) era fazer de Santos Dumont um herói. O suicídio poderia passar a idéia de que o Brasil não cuidava bem de seus expoentes, já que ele era um cientista de fama internacional. Além disso, teoriza Lins de Barros, o período getulista era propício à fabricação de heróis e um suicídio poderia desmontar o mito. “Então, criouse a lenda de que Santos Dumont não suportou ver seu invento usado para a guerra”, diz o curador. Para refutar essa versão, ele lembra que o inventor chegou a saudar os militares franceses que participaram da Primeira Guerra Mundial por terem usado aeronaves para restabelecer a paz. E teria repetido tal comportamento em diversas outras oportunidades. O motivo real do suicídio teria a ver com seu estado psíquico. Nos últimos tempos, Santos Dumont mostrou sinais de depressão e angústia. Um dos documentos expostos no Museu de Astronomia é justamente um comprovante de sua consulta com o psiquiatra Juliano Moreira, que é considerado o introdutor dessa especialidade médica no Brasil.
Cogita-se de que ele sofresse de esclerose múltipla ou transtorno bipolar, males ainda não identificados na época. A mostra também questiona a propalada homossexualidade do inventor. Nos recortes de jornais colecionados pelo próprio Santos Dumont, ele aparece de mãos dadas com uma mulher que seria sua noiva, a americana Edna Powers. Há registros de outras duas supostas noivas. “Essa idéia surgiu porque ele se dedicava completamente ao trabalho e por um período não teve tempo para relacionamentos pessoais”, diz o pesquisador. “Os Irmãos Wright (americanos que disputaram com o brasileiro a paternidade do avião) também não casaram e nem por isso se diz que eles eram gays.” Além de documentos que servem de combustível para polêmicas, a exposição tem papéis que simplesmente homenageiam esse brasileiro brilhante. Um deles é um postal manuscrito com os dizeres: “Para Santos Dumont, pioneiro da navegação aérea.” É o reconhecimento de um gênio a outro gênio. A assinatura é de Thomas A. Edison, o inventor da lâmpada elétrica.
Fonte: Revista Istoé
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