14/09/2011

EDITORIALBLOG - QUEIMA DA CANA - UMA PRATICA USADA E ABUSADA.

No trabalhos científico a presentado por Eleutério Langowski, com o título Queima da Cana - Uma Pratica Usada e Abusada, mostra todos os perigos que a queima da palha de cana produz no ambiente e sobretudo na saúde das pessoas, podendo evouluir ate para um cancer na inalação destes resíduos.
O assunto é importante pois traz a tona o debate sobre a responsabilidade das emspresas que cultivam cana.
Introdução:
Nunca antes neste País, como gosta de dizer o Presidente Lula, se falou tanto em canaviais, cana-de-açúcar, álcool, etanol, efeito estufa, aquecimento global, poluição, trabalhadores, capital, usinas, usineiros, combustível, energia, etc. etc. etc.. 
Na ordem do dia estão plantações de cana, os canaviais, a matéria prima para a fabricação do etanol, a fonte de energia importante para o país e para o mundo. E em conseqüência, vem à tona uma das práticas mais difundidas, a queima do canavial por ocasião do corte.
Os canaviais estão hoje a causar impactos sócio-ambientais de elevada importância, porém pouco considerados em suas peculiaridades (2).
1 Engenheiro Florestal – Crea 8107-D/PR. Perito em Crimes Ambientais Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental.
2 Impactos ambientais dos processos produtivos sucroalcooleiros A agroindústria de açúcar e álcool apresenta inúmeros riscos ampliados, principalmente em relação ao potencial de impactos ambientais como as emissões atmosféricas, contaminação nas águas e no solo. Além de problemas ambientais, a cultura e o processamento da cana geram outros tipos de impactos negativos, dentre esses se destacam os sociais tais como:
· Mudanças no modo produtivo dos municípios inseridos na economia; · Sucroalcooleira; competição com outros cultivos alimentares; concentração da posse da terra e a incorporação de terras de pequenos e médios produtores pelas empresas agrícolas. Em relação aos principais impactos ambientais ocasionados pelos diferentes processos produtivos, pode-se dividi-los em 2 categorias, os gerados da fase agrícola e os da fase industrial.
Na fase agrícola destaca-se:
· Redução da biodiversidade causada pelo desmatamento e pela implantação da monocultura canavieira;
· Contaminação das águas superficiais e do solo através da prática excessiva de adubos, corretivos minerais e aplicação de herbicidas;
· Compactação do solo através do tráfego de maquinaria pesada durante o plantio, os tratos culturais e a colheita;
· Assoreamento de corpos d’água devido a erosão do solo em áreas de renovação de lavoura;
· Eliminação de fuligem e gases de efeito estufa na queima durante o período de colheita.
Já na fase industrial pode-se relacionar:
· A geração de resíduos potencialmente poluidores como a vinhaça e a torta de filtro;
· A utilização intensiva de água para o processamento industrial da cana de açúcar;
· O forte odor gerado na fase de fermentação e destilação do caldo para a produção
de álcool.  (...)

A queima da cana:
Dentro desta tradição, uma das práticas de manejo mais utilizadas, e certamente uma das práticas mais arcaicas, ainda hoje é o que se denomina de queima da cana. Muitos são os motivos detectados para que esta prática ainda hoje seja usada, embora outro tanto de motivos existam para que ela seja eliminada.
Queima de cana no período diurno. 
A queimada consiste em atear fogo no canavial de forma que aproximadamente 30% da biomassa existente sejam destruídas. A biomassa destruída são as folhas secas e as folhas verdes. Não interessa para a indústria (seja açúcar ou álcool) a movimentação e manejo dessa biomassa constituída por folhas, pois ela não tem
participação na produção de álcool ou açúcar na fase industrial. Portanto, considera-se
matéria prima descartável.
Queima de cana no período noturno.
Alega-se em defesa às queimadas, que embora haja uma forte liberação de CO2 pelas queimadas de cana-de-açúcar, este gás não contribui no médio prazo para o dito efeito estufa, pois uma quantidade equivalente do mesmo é retirada da atmosfera, via fotossíntese, durante o crescimento do canavial no ano seguinte. Esta argumentação é válida e correta, senão por um pequeno diferencial nunca explicitado: O canavial realmente absorve e incorpora CO2 em grande quantidade, ao longo do seu período de crescimento que dura de 12 a 18 meses em média e a queimada libera tudo quase que instantaneamente, ou seja, no período que dura uma queimada, ao redor de 30 ou 60 minutos. Portanto, libera CO2 recolhido da atmosfera durante 12 a 18 meses em pouco mais de 30 ou 60 minutos. Além disso, junto com CO2, outros gases são formados e lançados à atmosfera, juntamente com particulados. Dentre o coquetel de substâncias químicas nocivas que são lançados à atmosfera durante a queima da cana, destacam-se os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs).
Queima da cana - A prática da queima da cana, como facilitador do processo de colheita, é antiga e largamente utilizada em todo o país, trata-se de uma técnica que permite o aumento da produtividade do trabalhador rural durante a colheita. Além disso, reduz o custo de carregamento da cana de açúcar do campo até a usina, aumentando a eficiência e o rendimento das moendas durante o processo inicial de processamento na indústria.
Segundo SZMRECSÁNYI (1994, p. 73-74), a queima anual dos canaviais às vésperas da colheita provoca a destruição e a degradação de ecossistemas, tanto nas lavouras como próximas a elas, além de ocasionar a liberação de poluição atmosférica altamente prejudicial à saúde afetando todo entorno da região canavieira.
Os impactos causados tanto no meio físico, biológico e antrópico são inquestionavelmente negativos. As conseqüências dessa prática ao ser humano são inúmeras, destacando os riscos de acidentes durante a queimada, depreciação do panorama visual pela exposição dos efeitos da queimada, incômodo proporcionado pela liberação de fumaça e os dados à saúde, causados pela fuligem.
Em relação às conseqüências danosas para as características físicas do solo temos a alteração da concentração de gases, a diminuição da fertilidade e umidade do solo, a perda de nutrientes voláteis e a exposição do terreno aos efeitos erosivos. A emissão de gás carbônico no período de queimada causa incômodo a população vizinha as lavouras, já do ponto de vista ecológico esse dano atmosférico é suprimido com o tempo uma vez que no período de rebrota e crescimento do canavial, essa cultura demanda absorver gás carbono como combustível fotossintético.
Porém, além de emitir gás carbono, a queima da cana libera ozônio, um gás altamente poluente que não se dissipa facilmente e que, em baixa altitude, prejudica o crescimento de plantas e o desenvolvimento de seres vivos (SZMRECSÁNYI 1994, p. 74). Szmrecsányi, ainda nesse mesmo trabalho, analisando dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e concluiu que o volume de gás ozônio lançado na atmosfera durante o período de queimada chega a duplicar, atingindo padrões inadequados de concentração. Estimativas realizadas por pesquisadores da EMBRAPA (EMBRAPA, 1997, p. 22) mostram que o aumento da área colhida de cana e da produtividade entre 1990 e 1996 foi responsável por um acréscimo de 17% na produção canavieira, em contrapartida, os índices de emissões de gases de efeito estufa, nesse mesmo período, aumentaram em torno de 10%. 
Em relação à fuligem, material particulado liberado durante a queima de compostos carbônicos, trata-se de um material com alta potencialidade danosa à saúde humana. Segundo FERRAZ et al. (2003, p. 98) estudos realizados no Brasil indicam que esse particulado possui pelo menos 40 tipos de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, trata-se de compostos orgânicos com propriedades mutagênicas e cancerígenas. Dentre esses compostos, os autores destacam que 16 são considerados contaminantes pela agência norte americana de saúde. Durante o período de safra, as incidências de problemas respiratórios decorrentes da eliminação de fuligem da queimada da cana aumentam consideravelmente, é o que mostra o estudo de BOHM (1998, p. 40-41). Esse autor destaca os principais quadros de problemas respiratórios que vão desde uma simples inflamação até infecções crônicas, quadros que podem evoluir consideravelmente ocasionando até mesmo um câncer. Além disso, aponta populações de cidades localizadas em regiões com forte adensamento canavieiro como Araraquara, Ribeirão Preto, Piracicaba entre outras, como as mais atingidas.
Para GONÇALVEZ (2003, p. 62-63) o problema das queimadas originou-se “de uma solução reducionista, na qual se desconsiderou os problemas que esta prática traria ao meio-ambiente e ao ser humano, em prol unicamente de se aumentar à produtividade do trabalho na cultura, e desta forma aumentar o lucro dos produtores e empresários do setor, o que é característico do capitalismo”. (...)

Folha 9/15
Início de uma queimada de cana-de-açúcar Notícia publicada na Folha On-line dá conta de que através de estudos realizados pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, constatou-se um aumento de HPA's (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos) – componente altamente cancerígeno – no organismo de cortadores de cana e no ar das imediações de canaviais, durante a época de safra da planta. (...) Na safra, quando cortam cana queimada, os trabalhadores ficam expostos à fumaça da queima. Na entressafra, época de plantio, isso não ocorre. Prossegue a matéria: "Além da respiração, os cortadores de cana podem absorver os compostos por exposição oral ou pela pele, pois costumam almoçar no canavial e a maioria não usa roupa apropriada" afirmou a pesquisadora Rosa Bosso em sua tese de doutorado.
Queimada noturna da cana-de-açúcar Estudos comprovam que há relação entre as queimadas de cana sobre a morbidade respiratória na população.
Coopersucar.
Folha On-line – Cotidiano – Queima de cana-de-açúcar pode causar câncer em cortadores –
Thiago Guimarães da Agência Folha –
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u108437.shtml – acessado em 10/05/2007.
18 Coopersucar.
19 Avaliação dos efeitos do material particulado proveniente da queima da plantação de cana-deaçúcar
sobre a morbidade respiratória na população de Araraquara - SP. Tese de Doutorado –
Autor Arbex, Marcos Abdo - Resumo Original
Desde o início do século passado, estudos na literatura médica documentaram uma significativa associação entre poluição atmosférica decorrente da emissão de combustíveis fósseis e morbimortalidade na raça humana, inclusive para níveis de poluentes no ar considerado como seguro para a saúde da população exposta. Na década de 70, durante a crise do petróleo o governo brasileiro implementou um programa chamado Proálcool com o objetivo de produzir um combustível alternativo, renovável, e não poluente: o etanol, derivado da cana-de-açúcar. Esse programa culminou com uma grande produção de veículos movidos a álcool a partir da década de Segundo Sparovek, 1997, a produção de cana-de-açúcar é freqüentemente associada a impactos ambientais, tais como degradação dos solos, poluição de mananciais, poluição de centros urbanos e a elevadas emissões atmosféricas causadas pela queima que normalmente acontece na colheita. Com efeito, nas épocas das queimadas dos canaviais, são muito comuns cidades com suas casas e prédios ficarem cobertas por pós-pretos e particulados, trazidos pelas correntes de ar por longa distância. Notam-se, nos horizontes, aos entardeceres, grossas colunas de fumaça a se elevarem em grandes alturas tais como uma simulação visual de explosão nuclear.
Embora não se tenham feitos, de forma sistemática, no Paraná, estudos e monitoramento sobre emissões atmosféricas por queimadas de canaviais, no vizinho estado de São Paulo, a CETESB já manifesta preocupação com a situação das queimadas de cana. Os paulistas já estão preocupados com o aumento substancial que ocorre nas áreas plantadas com cana e estão pensando em reformular sua..., e um grande incremento da cultura da cana-de-açúcar na região central do Estado de São Paulo. Com a crescente utilização do álcool como combustível em veículos automotores houve uma melhora na qualidade do ar nos grandes centros urbanos. Existe, porém, o contraponto: a cana-de-açúcar é uma cultura agrícola singular, uma vez que, por razões de produtividade e de segurança, a colheita é realizada após a queima dos canaviais, o que gera uma grande quantidade de elemento particulado negro denominado "fuligem da cana". Esse material particulado modifica as características do meio ambiente nas regiões onde a cana-de-açúcar é cultivada, colhida e industrializada. A queima da biomassa é a maior fonte de emissão de material particulado e de gases tóxicos no planeta, e não havia na literatura médica qualquer trabalho, que relacionasse a poluição atmosférica em conseqüência da queima desse tipo especifico de biomassa, com a saúde humana. Esse estudo epidemiológico de séries temporais avalia a associação entre o material particulado coletado durante a queima de plantações de cana-de-açúcar e um indicador de morbidade respiratória em Araraquara (SP). Entre 26 de maio e 31 de agosto de 1995, o número diário de pacientes que necessitaram inalações em um dos principais hospitais da cidade foi quantificado, e utilizado para estimar a morbidade respiratória. Para estimar o nível da poluição do ar foi quantificado diariamente o peso do sedimento do material particulado proveniente da fuligem da cana-de-açúcar, obtido por sedimentação simples, em dois pontos da cidade, um localizado no centro e o segundo na zona rural. A associação entre o peso do sedimento e o número de pacientes que necessitaram de terapia inalatória, foi avaliada pelo modelo aditivo generalizado da regressão de Poisson com controle para sazonalidade, temperatura e dias da semana. Encontrou-se uma associação positiva significante e dose dependente entre o número de terapia inalatória e o peso do sedimento. Um aumento de 10 mg no peso do sedimento está associado a um risco relativo de terapêutica inalatória de 1,09 (1-1,19). Nos dias mais poluídos o risco relativo de terapêutica inalatória é de 1,20 (1,03-1,39). Esses resultados indicam que a queima das plantações da cana-de-açúcar pode causar efeitos deletérios à saúde da população exposta. Fonte: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-07042003-231607/ Analisando os dados da Cetesb sobre poluição atmosférica a partir de material particulado (MP), nota-se que os setores sucroalcooleiro e o de celulose e papel são os que mais emitem esse poluente na atmosfera. No ano de 2003 foram lançados na região mais de 5 mil toneladas de material particulado, somente a Ripasa foi responsável por mais de 31% desse montante, já a Usina Açucareira Ester, a única agroindústria que consta da pesquisa da Cetesb, liberou o equivalente a 424 toneladas de particulado, ou seja, mais de 7% do total do ano (SÃO PAULO,2004c, p. 16). Segundo estudo realizado por MARTINS & GALLO (1995, p. 19-20), apenas seis grandes usinas de álcool e açúcar localizadas na bacia do Piracicaba foram responsáveis em 1992 pela emissão de 8,5 mil toneladas de material particulado o equivalente a 31,6% de toda a emissão remanescente dessa bacia. Além disso, esses autores destacam, mais especificamente na subbacias do Piracicaba, Jaguari e na bacia do Capivari, que o aumento da poluição do ar em conseqüência da queima da palha da cana durante o período de colheita, tem trazido transtornos à população que reside vizinho às lavouras. (AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA E O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: O CASO DAS USINAS LOCALIZADAS NAS BACIAS
HIDROGRÁFICAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ - Fabrício José Piacente- Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Economia da UNICAMP para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Econômico - área de concentração: Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente, sob a orientação do Prof. Dr. Pedro Ramos. Campinas-SP Novembro de 2005.)

Folha 11/15
legislação que estabelece um prazo para o fim das queimadas. Em SP, são queimados, anualmente, 2,5 milhões de hectares de cana, o que representa 10 por cento da área do estado. Durante o pico da safra, o Governo de SP acusou um volume de 1200 comunicações de queima de canavial por dia. "... o princípio que estamos trabalhando é que hoje sendo um dano ambiental comprovadamente difundido, estamos nos preocupando com isso" afirmou Ricardo Viegas, coordenador do Etanol Verde, programa ambiental do estado de S. Paulo. (21)

As queimadas de cana causam ainda grande impacto sobre a fauna. Grande número de animais da fauna silvestre encontra abrigo e alimento em meio ao canavial, formando ali um nicho ecológico. Pássaros como as pombas colocam ovos e procriam, enquanto que os seus predadores para ali se dirigem em busca de alimento. Então, cobras, ratos e lagartos, cachorro-do-mato, felinos, capivara, paca. Quando vem a queimada, poucos conseguem fugir. Sem um levantamento científico e estatístico, a Polícia Ambiental de São Paulo passou a desenvolver a partir do ano de 2002, um trabalho que consiste em operações de constatações de danos à fauna pelas queimadas, logo após a sua utilização nas lavouras de cana-de-açúcar. A informação é que são encontrados muitos animais mortos, moribundos ou abalados pelo calor, fumaça e fogo, além de um número incalculável de pequenos animais cujo desaparecimento no meio da queimada não deixa vestígio. 
Outro fator que depõe contra as queimadas de canaviais é a exportação de nutrientes do sistema, sendo, portanto, um fator negativo para a sustentabilidade ambiental da cultura Folha de S. Paulo - Agrofolha - 15 de maio de 2007 - "São Paulo quer controlar queima de cana" - Secretaria do Meio Ambiente pode reduzir tamanho da área queimada mesmo com plantio em expansão.

O setor canavieiro sempre ameaça a população das queimadas, com o desemprego dos cortadores de cana que seriam trocados pelas colheitadeiras, mas esse argumento é mentiroso, pois se queimadas fossem proibidas hoje, seria no mínimo triplicado o número de trabalhadores empregados na colheita. Alegam ainda que os trabalhadores não queiram cortar a cana crua, pois o rendimento do corte é baixo, existe o risco dos animais peçonhentos, cortes e outras. No entanto os trabalhadores já cortam a cana sem queimar pra o plantio, basta pagar uma remuneração justa e fornecer o equipamento adequado. 
As condições ambientais de trabalho do cortador na cana queimada são muito piores que na cana crua, pois a temperatura no canavial queimado, pela cor escura que apresenta eleva a temperatura ambiente que chega a mais de 45oC e, além disso, a fuligem da cana penetra pela pelo e pela respiração circulando na corrente sanguínea do trabalhador. Substâncias cancerígenas presentes na fuligem já foram identificadas
na urina desses trabalhadores. Mesmo a substância particulada inalada pelos
trabalhadores pode estar associada aos casos de mortes por problemas cardíacos.
Colheita mecanizada em canavial não queimado.
Para que isso acontecesse realmente, se teriam que ter como verdadeiras as
seguintes premissas:
a) A mão de obra poderia ser substituída de imediato por milhares de colheitadeiras mecanizadas, o que é inviável, pois não existe capital para ser locado imediatamente com vistas a adquirir tal quantidade de máquinas, assim como muito menos existe fábricas suficientes para disponibilizar tal quantidade imediata de máquinas colheitadeiras. Portanto, esta hipótese não é válida.
b) O setor fecharia as portas, o que também é improvável.
c) Os 80 mil trabalhadores se recusariam a cortar a cana não queimada. Neste caso (improvável também), o setor teria que aplicar parte do seu lucro em melhor remuneração da sua mão de obra.
Com efeito, o rendimento dos trabalhadores ou das máquinas, trabalhando em canaviais queimados é maior duas ou três vezes. Portanto, haveria sim um custo maior para as usinas.
Nas regiões canavieiras, há grande número de desempregados trabalhadores rurais. A oferta de mão de obra é grande. Porém as empresas vão buscar os cortadores de cana cada vez mais longe, muitos do nordeste, conforme noticiou a Rede Globo, no programa Fantástico – Profissão Repórter.
Denota-se, portanto, que o verdadeiro motivo de haver a prática disseminada de queimadas nos canaviais para as colheitas é apenas para aumentar a produtividade do sistema de colheita aplicado, seja ele manual ou mecanizado.
Notícia publicada em vários boletins, tendo como fonte primária os dados da ALCOPAR.
As queimadas dos canaviais para a colheita reduzem o custo do setor canavieiro, aumentam os seus lucros, mas no entanto, a sociedade fica com os prejuízos causados pelas queimadas. As pessoas ficam doentes, pois respiram as partículas finas e ultrafinas provenientes das queimadas, que penetram no sistema respiratório provocando reações alérgicas e inflamatórias. Esses poluentes passam para a corrente sanguínea, causando complicações em diversos órgãos do organismo. Aumentam as despesas públicas com atendimento, para o tratamento dessas moléstias, e a população normalmente tem que arcar com o custo dos medicamentos e outros procedimentos médicos. 
A população tem ainda que pagar pelo gasto maior de água e produtos de limpeza, que são utilizados para limpar a sujeira causada pela fuligem da queimada que cai sobre as cidades. O abastecimento de água das cidades nas regiões canavieiras tem sido afetado no período de safra, pois justamente na estiagem onde os recursos hídricos são limitados, em função das queimadas 
Por mais que tenhamos procurado, não encontramos motivos suficientes para justificar tecnicamente, ecologicamente, ou socialmente, a necessidade da queima da cana. Muito ao contrário, encontramos inúmeros motivos para que essa prática seja eliminada, como procuramos demonstrar em nosso parecer.
· A queima da cana justifica-se apenas para a obtenção de maior rendimento na colheita, seja ela manual ou mecanizada; 
A queima da cana causa impactos ambientais atingindo a fauna e por vezes se alastrando pelas áreas florestadas circunvizinhas, atingindo também a flora;
· A queima da cana impõe ao trabalhador condições inadequadas de trabalho, além de impor também a obrigatoriedade de produção além de suas forças, o que acaba causando morte de trabalhadores por
fadiga;
· É possível a colheita da cana sem que se faça a queima, tanto de forma manual como mecanizada;
· A queima da cana gera poluição atmosférica, causando transtornos à população de uma forma geral, implicando em aumento de internações hospitalares;
· A queima da cana emite produtos tóxicos e cancerígenos para a atmosfera;
Não há justificativa para a permissão para poluir dada aos usineiros canavieiros através da queima da cana, sendo que qualquer estabelecimento industrial por menor que seja é obrigado por lei a realizar o controle das suas emissões atmosféricas. 
Cabe então por parte dos órgãos ambientais, pelo menos, a aplicação do princípio da precaução, pois não há garantia de que as queimadas não causem danos à saúde da população além dos certos danos ambientais delas decorrentes. Cianorte, Maio de 2007.
O poder econômico do setor canavieiro compra o direito único no país de poder poluir a vontade, deixando uma grande parte da população doente, matando pessoas já debilitadas que são portadoras de insuficiência respiratória ou cardíaca. (A QUEIMADA DA CANA E SEU IMPACTO SOCIO AMBIENTAL – Manoel Eduardo Tavares Ferreira – Engenheiro Agrônomo – Presidente da Fundação Pau Brasil –
http://www.adital.com.br/site/noticia_imp.asp?cod=2454&lang=PT) QUEIMA DA CANA – UMA PRÁTICA USADA E ABUSADA

ESTE TRABALHO ESTA NA ÍNTEGRA NO http://www.apromac.org.br/QUEIMA%20DA%20CANA.pdf

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