02/02/2012

HISTÓRIA - CARLOS GOMES ORGULHO DO BRASIL:

Um grande brasileiro, que nos da muito orgulho, nascido em campinas e era conhecido pelo apelido de Nhô Tonico, nome com que assinava até suas dedicatórias.
A vida de Antônio Carlos Gomes foi, sempre, marcada pela dor. Muito criança ainda, perdeu a mãe, tragicamente, assassinada aos vinte e oito anos. Seu pai vivia em dificuldades, com diversos filhos para sustentar. Com eles, formou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus passos artísticos. Desde cedo, revelou seus pendores musicais, incentivado pelo pai e depois por seu irmão, José Pedro de Sant'Ana Gomes, fiel companheiro das horas amargas.]
 RASCUNHO DE CARLOS GOMES

 CARLOS GOMES MORTO




... DIA 16 PELA MANHÃ – Segundo relatos da época – a muito custo pediu e conseguiu beber um cálice de leite. Só falava por gestos. Às vezes, caía num leve sono. No dia anterior, pela manhã, querendo levantar-se, precisou apoiar-se no ombro de um amigo para não cair.

Quis mandar um telegrama, mas a pena caiu-lhe das mãos. Tendo que ir até o terraço da casa, em passeio, parou seis vezes para descansar.
Às 13:46, Carlos Gomes começava a agonizar.
Às 17:00, o maestro reanimou-se um pouco mais.
Ás 18:00, recebe um cálice de leite.
Às 10:35, o boletim:

“Expirou o eminente maestro. Cerrou-lhe os olhos o Dr. Lauro Sodré.
A morte de Carlos Gomes foi completamente serena. O arquejar regularíssimo diminuiu a pouco e pouco e o último suspiro esvaiu-se num ofego quase imperceptível. A expressão do rosto é serena.”
Nenhum sacerdote visitou Carlos Gomes em sua agonia e na hora da morte. Ele não recebeu extrema-unção nem Hóstia consagrada, talvez porque fosse maçon.
Num gesto piedoso, o Dr. Pedro Clermont colocou-lhe sobre o peito um crucifixo na hora final.
Nem uma ruga na vasta testa, nem um músculo contraído nas faces encovadas e frias. Partiu deste mundo, com a consoladora certeza de saber que os filhos ficariam temporariamente amparados. 
(trecho retirado do capítulo "Momentos Finais", do livro - "Olhos de Águia" - Maestro Antonio Carlos Gomes - A Trajetórias de um Gênio – de Denise Maricato.



 “A Pátria de Rossini, o berço das Artes, laureou o vosso nome, ilustre Maestro. Mas vós laureais a vossa Pátria.”
Rio de Janeiro em 23 de Novembro de 1870 J. DE ALENCAR
 “Para os filhos do céu gêmeas nasceram A inspiração e a glória.”
MACHADO DE ASSIS
 “...Com o mesmo entusiasmo com que os alemães celebravam em Mozart o gênio enviado pela Providência para trazer a este mundo a sublime revelação musical, podemos nós, brasileiros, celebrar em Carlos Gomes o grande predestinado da Providência real e humana, que ao mundo todo revelou, nessa admirável linguagem universal dos sons, a nossa existência como povo culto, livre e soberano.” 
LAURO SODRÉ (governador do Pará, na época)
 “... Ele tão só poderia assinalar esta dupla sublimidade que fascina: a magnitude da Pátria, cuja máxima expressão é a Amazônia e o seu gênio nativo que é a síntese do Guarany”.
CESAR BIERRENBACH (grande amigo do Maestro)
 Artigo de “Cidade do Rio”, do Rio de Janeiro, sobre as homenagens prestadas pela Amazônia a ACG:
“Se a Amazônia não lhe houvesse perfilhado o gênio; se ela não houvesse forçado a Pátria a meditar no que vale um filho igual ao maestro, que obrigou o mundo a repetir o seu nome como o de um povo já amadurecido pela razão intelectual do século; se essa nobre Amazônia não houvesse tratado com o seu carinho fraternal a balança da Justiça Brasileira, para que se visse quanto pesava Carlos Gomes em nossa terra artística...
... O maestro ficou representando e muito justamente uma das realezas do talento nacional. E o povo não quis que se lhe faltassem com honras devidas à imperecível majestade. E dizer-se que a Amazônia faz parte do Brasil...”
De Coelho Neto, sob pseudônimo, na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, reproduzida em Belém na “Folha do Norte” de 7 de Outubro de 1896:

“Emudeceu para sempre a grande harpa sonora da América...
... só agora, tombado, é que os homens podem medir a tua estatura.
Enquanto vivias, os vermes roíam-te. Grande mestre, viveste honestamente para a tua Arte, eras um enclausurado, não podias competir com os evidentes. Eras um rude, um expressivo apenas. Tu não sabias viver, mestre saudoso; eras simples e honesto e receavas tanto a multidão...
...O Brasil em peso, inclusive a Capital Federal tão avara, acaba de aclamá-lo e agora o seu cadáver é disputado...
... A Amazônia acolheu-o; foi ali que ele achou repouso para o seu corpo alquebrado e consolação para a sua alma amargurada, foi à sombra das palmeiras do Norte que o grande artista achou guarida, o seu derradeiro olhar foi para o céu do Equador, seu último suspiro foi para as florestas abaunilhadas...
... Carlos Gomes fez muito pelo Brasil mostrando à Europa, com a sua batuta, que sobre as águas do Atlântico havia um grande país que era o seu berço e de onde ele tirara a inspiração para os seus poemas musicais. Carlos Gomes é uma glória americana...
... Ainda assim foi bem feliz o músico porque sempre teve o Pará para recebê-lo... podia ter acabado na Santa Casa. Foi melhor assim, o Norte salvou a honra da República...
... Deus criou a sombra para acompanhar o Sol, o chacal para acompanhar os leões; o cedro tem o cogumelo agarrado à raiz, o livro tem o seu verme, a traça. Porque nos havemos de revoltar contra os que começam a tripudiar sobre o morto ? Há larvas que não podem farejar um cadáver. Mas esse sagrado espojo é como uma semente maravilhosa, fica na terra mas a sua flor desabrocha na Eternidade...
... O seu cadáver é disputado – a terra que teve o berço quer também ter o esquife e a Amazônia piedosa parece que vai abrir mão dessa relíquia... Parece que as almas começam a despertar...
O morto está em toda a Pátria, a sua alma ficou eterna no país... Essa é a grande imortalidade – a vida no coração e no espírito do povo – e os críticos que a destruam.
Grande mestre, orgulho de minha terra... eu te saúdo à tua passagem para a Posteridade.” (“Carlos Gomes no Pará” - Clóvis Moraes Rego – p. 257 a 261)
CALIBAN (era um dos pseudônimos de Coelho Neto)
 CERTIDÃO DE NASCIMENTO DE CARLOS GOMES:

Monteiro Lobato fala sobre o maestro:
“É dessas criaturas privilegiadas que possuem o dom divino da arte, mas que às vezes, passam a vida inteira sem se revelarem a si próprios.”

 CERTIDÃO DE OBITO DE CARLOS GOMES

 DE JOELHOS
“Cheguei já tarde, meu adorado velho ! Nem pude oscular-te a juba genial que a tesoura malévola do destino deitou abaixo, tal como se faz a um condenado na sentença iníqua da guilhotina !
A cabeleira branca voou, como a formar nuvens do ocaso divino do teu gênio, que só poderia pratear as resplandecentes paragens da Amazônia !
Como te encontro magro, meu Hércules ! Vi-te tão grande, erguendo a batuta inspiradora no tablado do Scala, da Ópera, de São Carlos e da Paz, e agora venho te encontrar tão exíguo e quase te confundo com as dobras do lençol de seda que te cobre !
Atleta, eras o Moisés da Bíblia a fazer brotar com a varinha as catadupas milagrosas da harmonia; mártir, transformaste-te nos fantasmas diáfanos destas matas a quem deste a vida nos teus cânticos !
Mas, como se deu tamanha fatalidade ? Seria essa cabeça um vulcão, cujas lavas eruptas, depois de iluminarem o mundo com a “Fosca”, fizeram-te ensangüentar a língua como o fundo da cratera ?
Onde está o brilho desse olhar vago que dominava as multidões com o relâmpago dos raios daquela alma ardentíssima ?
Mestre, tu fizeste a língua dos homens interpretar a alegria e as dores e só tiveste para a tua a sensibilidade cruciante da agonia !
Pobre águia ferida pelos tiros do Destino; escolheste para morrer a linha máxima do Equador, para com as asas abertas repartir, como um sol no ocaso o brilho da tua luz pelos dois hemisférios. Lei fatal das trajetórias: relativamente os astros também caem.
Eu quero adorar-te no tabernáculo sagrado da floresta, onde o canto fetichista dos sacerdotes indígenas entoam o “de profundis” ao mavioso cantor de Pery.
Nem podias, santo das multidões, encontrar mais reconcentrado Horto, do que nas margens deste rio-mar, para recolher nas suas ondas a baga do suor agonizante e confundir nas suas tempestades o gemido de um deus moribundo!
Carlos Gomes expirou: prostemo-nos.”

AMOUR (pseudônimo de Ignácio Moura – poeta, historiador, geógrafo, educador, polígrafo, tribuno, engenheiro, matemático, publicista e baluarte do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio fundador da “Mina Literária”, membro da Academia Paraense de Letras).

Material publicado em 1879, partitura do maestro Sant`Anna Gomes em homenagem ao seu irmão Carlos Gomes






Em 24 de outubro de 1896 o enterro chega na praça Antonio Pompeo; que se tornaria em 1905 o seu destino final. Abaixo foto do ato assinatura do contrato de feitura do monumento-túmulo. Da esquerda para direita do espectador: Leopoldo Amaral, Rodolfo Bernardelli (o escultor), Campos Novais e Cesar Bierremback:




Acima o grande ídolo da época, Santos Dumont, descerra a pedra fundamental do monumento-túmulo; isto em 18 de setembro de 1903. Abaixo o monumento em 1974

FONTES DE PESQUISA:

http://maestrocarlosgomes.blogspot.com/2009/09/tributo-ao-grande-e-unico-genio-das.html


2 comentários:

  1. Eu,como campineira nata, estou encantada em poder apreciar este post em homenagem ao nosso pequeno, Grande Maestro.Tenho orgulho ao passar em frente a sua casa aqui em Campinas, seu conservatório e diversos monumentos expostos na cidade onde, a memória de Carlos Gomes ficará eternizada paras futuras gerações assim, como este post.Obrigada e Parabéns pela pesquisa.

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  2. Eu,como campineira nata, estou encantada em poder apreciar este post em homenagem ao nosso pequeno, Grande Maestro.Tenho orgulho ao passar em frente a sua casa aqui em Campinas, seu conservatório e diversos monumentos expostos na cidade onde, a memória de Carlos Gomes ficará eternizada paras futuras gerações assim, como este post.Obrigada e Parabéns pela pesquis

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