15/12/2011
13/12/2011
DESAPARECIDOS DO BRASIL - Abílio Clemente Filho
ABÍLIO CLEMENTE FILHO (1949-1971)
Filiação: Maria Helena Correa e Abílio Clemente
Data e local de nascimento: 17/04/1949, São Paulo (SP)
Organização política ou atividade: Movimento Estudantil
Data e local da morte: 10/04/1971, Santos (SP)
O afro-descendente Abílio Clemente Filho, aluno do 4º ano de Ciências Sociais em Rio Claro, Interior de São Paulo, unidade que em 1976 passaria a integrar a Universidade Estadual Paulista (Unesp), era ativista do Movimento Estudantil, desapareceu no dia 10/04/1971, quando caminhava com um amigo na praia de José Menino, em Santos (SP).
No processo analisado pela CEMDP está anexado um relato de Maria Amélia de Almeida Teles, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, informando ter encontrado no Arquivo Público do Estado de São Paulo, na parte referente aos documentos secretos do extinto DOPS/SP, uma ficha escolar de Abílio Clemente Filho, da época em que cursava o colegial, na Escola Estadual Fernão Dias Paes, no bairro Pinheiros, em São Paulo (SP). De acordo com os registros policiais, essa ficha teria sido encontrada na residência de Ishiro Nagami, militante morto juntamente com Sérgio Correa, em 4 de setembro de 1969, quando o carro em que ambos trafegavam explodiu na rua da Consolação, em São Paulo, possivelmente em conseqüência da detonação de explosivos que estariam transportando. Joana D'Arc Gontijo, presa no DOI-CODI/SP na época, chegou a denunciar ter ouvido gritos de um homem jovem durante toda a noite, na mesma data da prisão de Abílio. Ela acredita que o jovem parou de gritar porque tinha morrido. Joana tentou descobrir quem era a vítima torturada até morrer, mas nunca conseguiu identificá-la.O caso de Abílio foi também examinado pela Comissão de Indenização dos Presos Políticos do Estado de São Paulo, sendo deferido. Considerou aquela comissão que "do conjunto dos indícios apresentados e do conhecimento dos procedimentos dos órgãos de repressão, era possível concluir pelo desaparecimento por razões políticas de Abílio Clemente Filho".
Ao elaborar seu voto, o relator da CEMDP se baseou nas declarações do deputado estadual paulista Antônio Mentor, que foi seu companheiro de república estudantil em Rio Claro e afirma: "Abílio Clemente desapareceu quando em viagem a Santos, no dia 10/04/1971. Estava envolvido no Movimento Estudantil e chegou a participar de organização clandestina de combate à ditadura"; e de Maria Amélia de Almeida Teles, que afirma "ter sido procurada pela interessada irmã de Abílio, em meados de 1990, quando não se cogitava de qualquer indenização por tortura, morte ou desaparecimento político".
DESAPARECIDOS SEM NENHUMA INFORMAÇÃO
ABÍLIO CLEMENTE FILHO (1949-1971)
Oafro-descendente Abílio cursava Ciências Sociais em Rio Claro e participava do movimento estudantil. Desapareceu no dia 10 de abril de 1971 quando caminhava com um amigo na praia de José Menino, em Santos (SP).
Joana D'Arc Gontijo, presa no DOI-Codi/SP na época, chegou a denunciar ter ouvido gritos de um homem jovem durante toda a noite na mesma data da prisão de Abílio. Ela acredita que o jovem não gritava mais porque tinha morrido. Joana tentou descobrir quem era a vítima torturada até morrer, mas nunca conseguiu identificá-la.
Entre os documentos secretos do extinto Dops/SP, no Arquivo Público do Estado de São Paulo, há uma ficha escolar de Abílio que, de acordo com os registros policiais, teria sido encontrada na residência de Ishiro Nagami, militante morto em 4 de setembro de 1969.
Ao elaborar seu voto, o relator da CEMDP se baseou nas declarações do deputado estadual paulista Antônio Mentor, que foi companheiro de república estudantil de Abílio em Rio Claro e afirmou que: "Abílio Clemente desapareceu quando em viagem a Santos, no dia 10/04/1971. Estava envolvido no movimento estudantil e chegou a participar de organização clandestina de combate à ditadura"; e nas de Maria Amélia de Almeida Teles, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, que disse "ter sido procurada pela interessada irmã de Abílio, em meados de 1990, quando não se cogitava de qualquer indenização por tortura, morte ou desaparecimento político".
O caso de Abílio também foi examinado pela Comissão de Indenização dos Presos Políticos do Estado de São Paulo, sendo deferido. Considerou aquela comissão que "do conjunto dos indícios apresentados e do conhecimento dos procedimentos dos órgãos de repressão, era possível concluir pelo desaparecimento por razões políticas de Abílio Clemente Filho".
Algumas manifestações marcaram a década de 60. Selecionamos quatro fatos para demonstrar o que aqui acontecia. Em 1963 os jornais locais anunciavam que estudantes da FAFI (atual Unesp) estavam se organizando no Centro Acadêmico 23 de Março, para passeatas e protestos pela morte do estudante secundarista Edson Luís, morto por militares em São Paulo. Essa manifestação contou com uma passeata saindo da FAFI (Rua 10, Alto de Santana) e outra saindo do colégio Joaquim Ribeiro (Rua 6, Avenidas 13 e 15) que se encontraram na Igreja Matriz de São João Batista para a missa de sétimo dia, celebrada pelo então Padre Mauro Morelli, hoje bispo aposentado. A coordenação da passeata dos universitários foi de Abílio Clemente Filho e, do Joaquim Ribeiro, de dona Elen Dória.
Em 1964 a igreja católica, entidades assistenciais e grupos de serviços realizam passeatas pela pátria, família e liberdade, contra o terrorismo, ateísmo e comunismo, contando com forte adesão da imprensa local.
Em 12 de Dezembro de 1969 o Ginásio Vocacional, escola pública que trabalhava com um método inovador de ensino (hoje o prédio abriga a escola Chanceller Raul Fernandes) foi invadido pelo militares. O Vocacional trabalhava com um sistema de ensino calcado no estudo da realidade e um pensar sobre ela como sujeito que também a constitui. A vinda do Ginásio Vocacional para Rio Claro foi pela interferência do então deputado estadual, o rio-clarense Gijo Castellano. Não bastou muito tempo para o exército invadir a escola e perseguir diretamente a diretora em exercício, a jovem Edineth Ferri Sanches (era sua primeira experiência como diretora recém empossada) que até hoje apresenta as marcas vividas ali. Edneth Ferrite Sanches contou com o apoio do juiz Ranulfo de Melo Freire juntamente com professores da Faculdade, entre eles Fernando Altenfelder Silva, que deram sustentação e foram pontos de apoio e segurança no agitado período, como relata a professora em seu depoimento.
No período o vereador eleito Irineu Prado teve seu mandato cassado, foi preso e a família ficou mais de uma semana sem notícias. Era um militante ativo na cidade com forte atuação como sindicalista da antiga Cia Paulista.
Muitos rio-clarenses que estavam fora da cidade, já inseridos no mercado de trabalho ou em cursos universitários, engajaram-se no movimento de resistência, pois nacionalmente o movimento de esquerda se dividiu entre aqueles que optaram por se manter na cidade aproximando-se dos operários e outros movimentos sociais e aqueles que optaram pelas guerrilhas urbanas e/ou rurais. Rio Claro, entre muitos militantes que atuaram contra a Ditadura Civil-Militar das mais diversas formas, três deles tiveram suas vidas marcadas drasticamente: Maria Cecília Bárbara Wetten, Abílio Clemente Filho e Orlando Moura Momente.
10/12/2011
08/12/2011
DOCBLOG - RIO TIETÊ UM FIM TRISTE.
O vereador Anizio Petti faz um documentário sobre o Rio Tietê, o triste fim de um belo rio.
04/12/2011
01/12/2011
HISTÓRIA - A CARTA TESTAMENTO DE GETÚLIO VARGAS
Estas são reproduções do primeiro manuscrito (incompleto) da Carta-Testamento de Getúlio Vargas.
A Carta-Testamento de Getúlio Vargas, na íntegra:
Seu autor foi Maciel Filho, José Soares Maciel Filho, um personagem interessantíssimo de raízes italianas por parte de sua mãe, aluno e amigo de Benedetto Croce, e amicíssimo dedicado de Vargas, do qual foi uma espécie de conselheiro informal, desde os anos 30 do século XX.
No governo Vargas, constitucional, de 1951-1954, foi presidente do BNDE e da antiga SUMOC, hoje o Banco Central.
A carta-testamento, encomendada por Vargas, foi escrita entre os dias 8 e 9 de agosto de 1954, na casa de Maciel - na verdade, de sua sogra - na Praia do Russell, no Rio (hoje lá está o prédio da Manchete).
Nesta reprodução incompleta do manuscrito, aparece (pág.2) um parágrafo que Vargas excluiu da versão final, e a introdução (pág.1) que foi acrescentada depois.
Mais uma vez, as forças que os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)
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