È pena que muitas memórias se percam
sendo trancadas no baú da historia. O papel do pesquisador é resgatar estas
memórias intactas, esquecidas para que venham à tona pessoas que em certo
momento se tornaram especiais voltando a ser reapresentadas para suas origens. Não
podemos esquecer pessoas que fugiram da mesmice que se tornaram autoridades
importantes jogando-as na vala comum da mediocridade. Meu compromisso é de
resgate destas pessoas que voltem a ser reconhecidas pelo que são e que
fizeram.
Grandes homens são simplesmente
mortais que se tornam imortais mais por algum instante, um espaço no tempo morreram
na memória das pessoas, no entanto não morrem para a história e assim
ressuscitam com o tamanho que lhes fizeram grandes.
O Jornal "O Imparcial" (RJ) publica em 05/02/1928(pag 10) uma caricatura de Rubens Salles
Nascido no município de São Manuel
(SP) em 14 de outubro de 1891 Rubens de Moraes Salles começou sua carreira como
atleta de futebol jogando na equipe infantil do Club Athletico Paulistano.
Jogador talentoso logo foi aproveitado no time profissional fazendo sua estreia
aos 15 anos de idade em 1906 tendo como característica o passe de qualidade
sendo um bom articulador. Mesmo não sendo atacante construiu um feito histórico
na época se tornando em 1910 o artilheiro do campeonato paulista com 10 gols,
foi campeão pelo Paulista nos anos de 1908, 1913, 1916, 1917, 1918, e 1919 e vice-campeão
nos anos de 1907, 1909, 1912, 1914 e 1920 tornando o time na época imbatível,
temido e o único time consecutivamente tetracampeão paulista. Campeonato no
período muito prestigiado vez que ainda não haviam campeonatos nacionais, cabe
lembrar que nenhum time paulista ate hoje conseguiu esta marca.
1907. O Velódromo antes de uma partida.
(Foto: Museu do C.A. Paulistano.
Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
PAULISTANOS EM 1901:
1903 Paulistano e São Paulo Athletic:
Paulistano e São Paulo Athletic em 1903.
(Foto: Museu do C.A.
Paulistano. Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
São Paulo Athletic X Paulistano em 1904. Pênalti para o Paulistano.
(Foto: Museu do C.A. Paulistano. Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
Velódomo, 1905. Gol do Paulistano contra o São Paulo Athletic.
(Foto:
Museu do C.A. Paulistano. Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
Mackenzie, Internacional, Paulistano, A.A. das Palmeiras e São Paulo
Athletic, reunidos no Velódromo em 1905. (Foto: Museu do C.A. Paulistano.
Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
Paulistano, campeão de 1905.
(Foto: Museu do C.A. Paulistano.
Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
1906. A torcida no Velódromo, sede dos jogos do Campeonato Paulista.
(Foto: Museu do C.A. Paulistano. Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
Paulistano em 1916.
(Foto: Museu do C.A. Paulistano. Reprodução: Norma
Albano, Folha de São Paulo)
Paulistano em 1917.
(Foto: Museu do C.A. Paulistano. Reprodução: Norma
Albano, Folha de São Paulo)
Equipe do C.A. Paulistano em 1918.
1918. Lance do jogo decisivo entre Paulistano X A.A. das Palmeiras.
(Foto: Museu do C.A. Paulistano. Reprodução: Norma Albano, Folha de São Paulo)
Paulistano, campeão paulista de 1918. Ao centro Rubens Sales, abaixo
dele, Friedenreich.
(Foto Museu do C.A. Paulistano. Reprodução Norma Albano -
Folha Imagem)
C.A. Paulistano em 1921 (Foto: Revista "Sports")
C.A. Paulistano em 1921 (Foto: Revista "Sports")
Lances de um jogo entre Palestra X Paulistano, em 1928.
(Foto: Almanach
Esportivo de Thomaz Mazzoni)
.A. Paulistano em 1928. (Foto: Almanach Esportivo de Thomaz Mazzoni)
Tal trajetória vitoriosa lhe trouxe a convocação
para a primeira seleção brasileira em 1914 sendo o capitão da equipe. Na época
a seleção era convocada pela Federação Brasileira de Sports (FBS) e o comando
técnico era designado ao capitão assim Rubens Salles se tornou o primeiro
técnico da seleção brasileira. Uma confusão entre uma informação e outra traduz
de forma errônea que o senhor Sylvio Lagreca também foi o técnico da seleção em
conjunto, na verdade por se tratar do primeiro jogo oficial da seleção
brasileira a federação pediu para que o
também jogador Sylvio Lagreca o auxiliasse então ele se tronou o primeiro
auxiliar técnico da seleção.
Rubens Salles abandonou a carreira de
jogador em 1920 e voltou como técnico de futebol em 1930 no São Paulo Futebol Clube da Floresta permanecendo
por 4 temporadas, time que mais tarde se tornaria o São Paulo Futebol Clube.
Assim foi também o primeiro técnico do São Paulo Futebol Clube. Morreu cedo aos
42 anos de idade. Foi campeão paulista pelo São Paulo em 1931 e vice-campeão
nos anos de 1930, 1932, 1933 e 1934.
O respeito e o prestigio da equipe de
futebol do Paulistano era tão grande que no ano de 1925 o clube fez uma excursão
à Europa onde ganhou 9 partidas das 10 que disputou vencendo selecionados da
época.
EXCURSÃO
DO PAULISTANO À EUROPA EM 1925
15/03/1925 Paris - Paulistano 7 X 1 Seleção da França
22/03/1925 Paris - Paulistano 3 X 1 Stade Français
28/03/1925 Cette - Paulistano 0 X 1 Cette
02/04/1925 Bordeaux - Paulistano 4 X 0 Bastidienne
04/04/1925 Havre - Paulistano 2 X 1 Havre/Normandie XI
10/04/1925 Strasbourg - Paulistano 2 x 1 Strasbourg
11/04/1925 Berna - Paulistano 2 X 0 Auto Tour
13/04/1925 Zurich - Paulistano 1 X 0 Seleção da Suiça
19/04/1925 Rouen - Paulistano 3 X 2 Rouen
28/04/1925 Lisboa - Paulistano 6 X 0 Seleção de Portugal
Equipes do CAP e do Internacional após o último treino no Brasil,
em 8
de fevereiro de 1925, antes da excursão a Europa.
Equipe do C.A. Paulistano no primeiro jogo na França.
Nestor salta para defender um dos muitos ataques do
selecionado francês
no primeiro jogo dos brasileiros em campos europeus.
Equipe que venceu o Stade Français por 3 a 1. Em pé: Antonio Prado
Junior - Orlando Pereira - Amphilóquio Guarisi Marques (Filó) - Mário Andrada e
Silva - Arthur Friedenreich - Durval Junqueira Machado - Ernesto Pujol Filho
(Netinho) - Mariano Procópio e Juan Mestre Alijostes. Agachados: Bartholomeu
Vicente Gugani - Sérgio - Nondas - Júlio Kuntz Filho - Francisco Abate e
Clodoaldo Caldeira.
Junqueira e Friedenreich avançam para o ataque no jogo contra o Stade
Français.
Disputa de gol entre Barthô e jogador do C.A. Bastidienne
na partida
disputada em Bordeaux no dia 2 de abril. O Paulistano venceu por 4 X 0.
Lance do jogo Paulistano x Strasbourg.
Antonio Carlos Seixas lança para Friedenreich,
no jogo em Strasbourg com
o Selecionado Alsaciano.
Foto da equipe completa na frente do gol. Em pé: Orlando Pereira -
Miguel Leite - Amphilóquio Guarisi Marques (Filó) - Sérgio Pereira - Antonio
Carlos Seixas - Arthur Friedenreich (El Tigre) - Araken Patusca - Mário de
Andrada e Silva - Ernesto Pujol Filho (Netinho) - Mário Cardim e Rubens de
Moraes Salles. Agachados: Juan Mestres Alijostes - Caetano Caldeira - Luís
Lopes de Andrade (Guarany) - Clodoaldo Caldeira - Francisco Abate - Epaminonas
Motta - Maurício Villela - Bartholomeu Vicente Gugani (Barthô).
À frente: Júlio
Kuntz Filho e Nestor de Almeida. Estão ausentes os jogadores Durval Junqueira
Machado e José Joaquim Seabra Neto, ambos do Rio de Janeiro.
A multidão aguarda ansiosa a atração do Flandria
navio que trazia de
volta para casa os Reis do Futebol, em 12 de maio de 1925.
Recepção aos vitoriosos jogadores no porto do Rio de Janeiro.
Foi
formado um cortejo que acompanhou os jogadores até a sede do Fluminense.
Jogadores do Paulistano homenageados no retorno da excursão à Europa.
(Foto Revista a A Cigarra. Reprodução Folha Imagem)
Alguns especialistas afirmam que o
Paulistano foi o time que abriu as portas para as equipes brasileira ao futebol
europeu.
Embora uma vida curta este homem foi
um vitorioso para sua época, saiu de uma pequena cidade do interior de São
Paulo e aos 15 anos começou a escrever seu nome no cenário nacional. A ele
devemos reconsiderar as devidas homenagens e resgatar ao povo o exemplo para
que se torne novamente um grande que nunca se apequenou. Para à historia não!
FONTES
DE PESQUISA