O império conhecido como Grupo Votorantim que foi gerenciado
pelo empresário Antonio Ermírio de Moraes tem uma historia interessante, muitos
desconhecem o começo das coisas, mas na verdade entender o sucesso de algo se
presta em entender a gênese da trajetória deste negocio.
Antonio Pereira Ignácio nasceu em 29 de março de 1874 no
município Baltar em Portugal, com 10 anos de idade veio para o Brasil junto com
seu pai João Pereira Ignácio onde fixa residência em Sorocaba-SP, ambos vieram
morar na casa de José, Irmão de seu pai João. Na casa do tio ele se
desenvolveu, foi este aconchego familiar e o amor pela sua tia Lucrecia que
Antonio tinha como segunda mãe que traduziram em uma historia rica de
sucesso.
Estudou
na escola João Ribeiro. Estabelecidos no Brasil pai e filho tentam através do
trabalho juntar dinheiro, no entanto o pai de Antonio recebeu um comunicado
urgente que vinha das terras do Porto pedindo seu retorno urgente a Portugal
vez que sua esposa estava muito doente o que fez prontamente, no entanto
infelizmente sua esposa faleceu. Retornando ao Brasil, João e seu filho Antonio
recomeçaram do nada novamente pois, quase tudo que tinham fora gasto com a
enfermidade da esposa e mãe.
Antonio
mesmo criança começou a trabalhar em Sorocaba como aprendiz de sapateiro onde
remendava sapatos, colava saltos, cortava couro, tendo como mestre sapateiro
o senhor Chico das Violas, seu pai João que era sapateiro de oficio também
trabalhou no local, Antonio também trabalhava como divulgador de circos que
chegavam a cidade distribuindo panfletos ganhando alem de dinheiro ingressos
para assistir os espetáculos.
O
Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba aduz: “Em 1888 com 14 anos de idade o pequeno
Antonio foi para São Paulo trabalhar na importadora Ferreira & Júnior. No
ano seguinte viajou ao Rio de Janeiro a procura de um patrício rico, Comendador
João Reynalkdo de Faria.”. O site do Conselho da Comunidade Luso-Brasileiro
do Estado de São Paulo também descreve: “Em
1889 vai para o Rio de Janeiro, onde procura apoio com um grande português,
João Reynaldo Faria. Depois de permanecer três anos no Rio de Janeiro, regressa
ao Estado de São Paulo com uma maior experiência e com um capital de 300 contos
que foi a base de sua fortuna. Junto com seu pai vão para São Manuel do Paraíso onde abrem seu 1º negocio.”, ainda com um
empréstimo de um conto de réis de outro português, Leônidas Lopes Oliveira
abre no município de São Manuel um armazém de secos e molhados.
Assim
Antonio Pereira Ignacio chegou São Manuel em 1892 e montou uma sapataria, este
foi seu primeiro negocio, trabalhava arduamente, no período noturno, dirigia-se
a escola do professor Carlos Bom. Rapaz diferenciado sabia que o investimento
na sua educação e conhecimento traria bons frutos. O trabalho do Grupo
Votorantim que conta a trajetória de Antonio relata este fato: “Enquanto João tocava a sapataria, o filho
de dezoito anos seguia a exaustiva rotina ditada por sua vocação: durante anos
seguia a exaustiva rotina ditada por sua vocação: durante o dia cuidava de seu
pequeno armazém e, à noite, prosseguia com os estudos, agora frequentando as
aulas particulares do professor Carlos Bohn. Nessa época, Antonio completou o
currículo ginasial.”
Com
a gana de empreendedor, Antonio vende seu armazém e se muda para Botucatu montando
no município um grande armazém de secos e molhados e, em 1895 com o nome de Casa
Rodrigues & Pereira. O negócio prosperou e muito, também em Botucatu
conheceu Lucinda Rodrigues Viana que era uma menina órfã de 15 anos que cuidava
de seus quatro irmãos e em 15 de junho de 1899 casaram-se. Logo após o evento Antonio vendeu seu armazém
e se instalou em Itapetininga abrindo uma serraria, neste município nasceram
seus dois filhos João Pereira Ignácio (1900) e Paulo Pereira Ignácio (1902).
Logo se mudou para a cidade de Boituva montando uma industria de descaroçamento
de algodão. Com o ímpeto expansionista em 1903 e 1904 montou mais duas unidades
de descaroçamento de algodão em Tatuí e Conchas.
Em
11 de dezembro de 1904 nasceu sua filha Helena Pereira Ignácio. Em 1905 já um
homem rico viaja para Unidos, trabalha como operário na Wilson North Carolina
com o fundamento de conhecer as novas técnicas sobre o manuseio do tecido e também
para comprar maquinário para o desenvolvimento de seu negocio.
Em 1907
retorna ao Brasil “entrando
definitivamente para a indústria de algodão e seus derivados e em poucos anos já tinha três tecelagens.
Além da indústria têxtil. Pereira Ignácio possuía a Cia Telefônica Paulista,
Usina de Força do Pilar, Água Mineral e a Cia de Cimento Rodovalho.”. Foi reconhecido
como O REI DO ALGODÃO
Em
1914 tornou-se arrendatário da Fábrica Votorantim, “(...) o empresário foi chamado para resolver um problema delicado. Como
fornecedora de algodão, a Pereira Ignacio & Cia. Tinha, entre seus
principais clientes, a fabrica Votorantim. Controlada pelo Banco União de São
Paulo (...)”.
Antonio
recebe a informação que na data de 31 de maço 1917 seu pai faleceu em Portugal.
Em
1918 Pereira Ignácio arremata em leilão a massa falida do Banco União que era a
proprietária da fabrica de tecidos Votorantim.
As ocorrências
do destino vão se acentuando na vida de Antonio, sua esposa tinha um problema
de asma, devido a isto em 1924 ele e sua família viajam á Europa para efetivar
o tratamento. Foi assim que sua filha Helena conheceu José Ermírio de Moraes
com quem se casou em 1925. Seu genro desde então passa a ser o principal executor
no expansionismo da Votorantim.
Faleceu em 14 de fevereiro de 1951 e foi um
grande filantropo, ajudou diversas comunidades e pessoas, fundou creches e
deixou seu legado.
Fica
aqui uma singela homenagem ao homem que por estes rincões de São Manuel iniciou
uma trajetória magnífica, montando aqui seu primeiro negocio. Começou pobre e
terminou milionário na alma.
fontes de pesquisa:
http://www.cclb.org.br/noticias/fev08/fev02_01.htm