17/01/2017

DISTRITO DE ALFREDO GUEDES ESTÁ PERDENDO SUA IDENTIDADE HISTÓRICA


                            Em muito trabalho no resgate da memória de nossos ancestrais, nossa região é rica como um todo em sua história, não podemos aqui falar da história de Botucatu sem citar São Manuel, Lençóis Paulista, Agudos, Bauru, Barra Bonita, Pontal do Paranapanema etc. e vice e versa, na verdade toda a região está interligada pela história, foi construída pelos desbravadores que acunharam os nomes através das trilhas abertas em matas, de tijolos sobrepostos um a um, da construção de cidadelas, igrejas, enfim, construíram todo o complexo que hoje conhecemos por cidades, municípios e distritos.


De encontro com a interligação histórica a povoação de Lençóis Paulista teve início em meados do século XIX, quando o sertanista mineiro, José Teodoro de Souza, fixou residência no local. Uma outra versão atribui a fundação a Francisco Alves Pereira que, desligando-se de uma caravana destinada a Goiás, explorou o rio, mais tarde chamado “Lençóis”, porque suas espumas brancas eram semelhantes a lençóis. O patrimônio do Bairro de Lençóis, no território de Botucatu, teve início com a construção da capela em louvor à Padroeira Nossa Senhora da Piedade, sendo elevado à Freguesia Distrito, em 1858. Poucos anos depois, 1865, foi elevado a Município. Por existir na Bahia uma localidade chamada Lençóis, mais antiga, sua denominação foi alterada em 1944, para Ubirama, escolhida em virtude da cana-de-açúcar ser cultivada em grande escala no Município. O primitivo nome foi novamente adotado em 1948, acrescentando-lhe “Paulista” para diferenciar da Cidade baiana.

Armazém em Alfredo Guedes - 1908


A Capela de São João de Areia Branca em 1918 cedeu o nome em homenagem a Alfredo Guedes ao córrego que margeava o local. O Distrito de Alfredo Guedes foi criado pelo decreto nº 6753, de 06-10-1934 e anexado ao município de Lençóis, lugar prospero para sua época tinha cartório, estação ferroviária, farmácia e muitos estabelecimentos comerciais.

A imagem esculpida de São Bom Jesus data de 1926 foi restaurada e hoje se encontra exposta no Memorial Alfredo Guedes. No entanto o distrito antes era denominado de São João Areia Branca que teve sua Estação Ferroviária construída em 1898.

Quem não conhece deveria, é um local que nos remete a história de nossos antepassados, muito bem preservado lindo, aprazível, passível de nos remeter ao mais distante passado, local bem preservado.

No entanto, infelizmente ao longo dos anos vem sofrendo a depredação histórica que acompanha aos ignorantes que infelizmente não cultuam e respeitam a memória dos antepassados. Pessoas desprovidas de valor do resgate de memória que assombram a cada investida a desmoralização e dilapidação do acervo da própria sociedade, como se soçobrassem pela própria convicção medíocre e mesquinha, inebriados pela fumaça que fazem sem objetivo algum.

A dilapidação histórica começa na década de 80 onde foram arrancadas todas as arvores da Praça do Bom Jesus que era a característica de toda praça antiga, sem um estudo programado, arvores, algumas centenárias, foram dizimadas sem sobrar uma que fosse testemunha do melancólico assassinato da história. No mesmo período se foram os lindos postes e pedestais trabalhados com os originais globos de iluminação estes davam à paisagem ares de verdadeiras cenografias de novelas de época.

Recentemente, o mais ilustre nome da história de Alfredo Guedes foi soterrado no processo de municipalização do ensino, sufocaram o nome da dedicada Professora Cecília Marins Bosi, formadora de opinião, esposa do Dr. Gino Bosi este farmacêutico da localidade nos anos 30, destinando-a ao esquecimento. Dona Cecilia, já lecionava para as crianças do lugar muito antes da construção da escola, em barracões de tábua onde agregava seus alunos e exercia com maestria seu magistério.

Certamente uma mulher cuja a garra e o sacerdócio lhe trouxeram a qualificação para a justa homenagem. Excluindo assim a identidade de todos os alunos que por ali passaram. Com a atitude houve a unificação das duas escolas pertencentes a Alfredo Guedes, o infantil que se chamava Philomena Briquesi Boso e o fundamental que tinha como nomenclatura E.E.P.G. Cecília Marins Bosi, dessa fusão apagaram a memória de Dona Cecília, deixando uma lacuna instransponível no tempo e na realidade histórica guedense. Foi uma das mais marcantes ingratidões já registradas no contexto lençoense.    

Como se não bastasse a falta de sensibilidade das autoridades, houve também a dilapidação dos moveis históricos, antigos, que compunham a sala de espera e a diretoria da escola, lá haviam, a mesa de centro, porta chapéu com espelho, escrivaninha, todos bem conservados e sumiram, devo salientar que tais móveis seriam destaques no acervo do Memorial Alfredo Guedes.      

Existem rumores fortes de mais uma mutilação da história em Alfredo Guedes, o asfaltamento das ruas, não me parece uma opção acertada vez que tal empreendimento ira descaracterizar um local tão importante na história de nossa região. Muitas pessoas ligadas as pesquisas e história de nossa região não estão vendo com bons olhos esta atitude.

O asfaltamento embora um benefício, trará mais um enterro sobre os paralelepípedos que há muito traduzem a existência de um dos poucos lugares agradáveis, que poderia e muito ser explorado pelo turismo.

O Distrito Alfredo Guedes tem uma característica soberba sobre o manto do tempo que não pode ser apagada desta forma. Devemos preservar e não dilapidar, esta é a máxima, imagine Ouro Preto toda asfaltada, seria um descalabro.


Assim devo rogar à sensibilidade do Prefeito de Lençóis Paulista Anderson Prado de Lima e do seu Diretor de Bairro JR. Ticianelli. Ao prefeito local entendo ser pessoa dotada do mais puro bom senso, embora não o conheça tenho boas recomendações sobre o mesmo.


Senhor Prefeito é sua chance de resgatar a memória desta localidade, nesta linha eu como pesquisador histórico Eduardo Delamonica, já efetivei diversas incursões ao Distrito de Alfredo Guedes, onde constatei o que estou dizendo aqui.

A mim não é reservado tão somente o grito solitário, muitos aqui clamam por esta avaliação, como de pessoas importantes que entendem que esta história não pode ser enterrada simplesmente com uma camada de piche, devo evidenciar aqui o apoio a este protesto da Vereadora de Lençóis Paulista senhora Mirna Justo, a pesquisadora de Alfredo Guedes senhora Celia Motta a Equipe Aventureiros do Túnel o Senhor Waldemar Bicudo, ainda serão pedidos os apoios que certamente ouvirão nossos gritos do pesquisador de Botucatu João Figueroa ao Professor Doutor Edson Fernandes ao Senhor Thiago Melego dono do Site Área 14 e mais pesquisadores de toda a região. Será uma manifestação de apoio que tem como base a preservação histórica do Distrito de Alfredo Guedes.


Ao prefeito de Lençóis Paulista fica aqui nosso pedido, não asfalte um tesouro histórico que este município tem.