Gosto da beleza que quando olho, dentro de mim se rompe em
aguda dor, de tão bonita.
Que aperta e sufoca o meu peito, fazendo represas em minha
garganta, até o próximo respiro, esta dor tanta, que me levita.
Gosto da emoção que arde e queima os meus olhos, debulhando
lágrimas em fogo santo.
Gosto das notas de piano que adentram os meus ouvidos, fazem
furor em minha cabeça, me palpitam o pulso, e depois, ao longo do tempo, no
compasso da melodia, vertem de meus poros, transformadas em sal que germina
novos dias! Notas musicais em mil alquimias!
Gosto dos ventos que chegam de todas as direções, uns
mansos, uns em trêmulo alvoroço, alguns perfumados, outros tantos cálidos e
comportados. Mas, há entre eles, uns de indefiníveis cheiros antigos, que
pronunciam palavras intraduzíveis e ocultas, desconcertam e dançam em minha
alma, que arrepiam por dentro de minha espinha, remetem ao incestuoso, ao
pagão, ao herege, ao profano, acordando em minhas espirituais entranhas, a
latente menina que dorme em meu ventre. Meu passado, minha magia, minha
inafastável sina!
Gosto! Gosto! Gosto! Sinto... sinto... sinto...
Gosto da lua opaca no fim da tarde clara, anunciando a noite
nefasta, profunda, longa e escura... breu sagrado.
E chegam novos ventos. Ventos! E com eles trazem
enfeitiçados perfumes das damas da noite. Às vezes, sou eu a dama.
Às vezes a dama é a lua.
Às vezes, pertenço ao vento e ele me carrega em rompantes
velozes e violentos.
Às vezes sou tua. Nua. Crua.
Gosto!
guardiadelendas.blogspot.com
Célia Motta.
Cadê vc Dudu, manda seu tel pra min , beijo carga
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