Deve-se ressaltar que esta edificação
católica denota de antes da formação do vilarejo de São Manoel do Paraíso, talvez
1845, 1850 é a capela que hoje ainda existe no Bairro dos Machados.
Não se pode
contar a historia desta capela sem contar o surgimento do Bairro dos Machados
que junto com o Bairro da Pedreira são os mais antigos do município.
Constituída de
uma grande porção de terras a Fazenda Santo Antonio dos Machados pertencia
desde 1843 ao senhor Maximiliano Machado. Este veio de Minas Gerais junto com o
posseiro Manuel Gomes de Farias, se apossando de uma grande extensão de terras
para cultivo.
No período de 1890 a propriedade do Senhor
Maximiliano passa aos seus herdeiros legítimos, seus três filhos, João Machado,
Francisco Machado e Zeferino Machado.
Os irmãos
Machado, não possuíam condições financeiras para a manutenção e exploração da
fazenda Santo Antonio dos Machados, Sebastião Brollo em sua Obra Oriundis nas
Terras do Paraíso alerta para esta situação: “Frente as dificuldades necessitaram vender suas terras aos poucos,
inclusive obedecendo aos padrões impostos pelos imigrantes”.
Assim o Bairro
dos Machados foi sendo alienado em pequenas propriedades. Esta situação vai de
encontro ás necessidades dos imigrantes que ocupavam o Município no período.
Nesta época, havia uma intensa procura de terras pelos imigrantes, italianos,
espanhóis e portugueses, no entanto, os imigrantes recém-chegados, procuravam
por pequenas extensões de terras, o que foi um achado, vez que nesta época só
havia a venda de grandes porções, São Manuel começa assim a democratização da
Terra.
Como já afirmamos
a maior dificuldade que havia na época, na região era a aquisição de terras,
vez que os fazendeiros tentavam segurar os colonos em suas propriedades,
impedindo assim “a formação de núcleos
coloniais privados” ainda Brollo afirma: “ A vida no entanto, pregou
dessas peças inconcebíveis na época, no fazendeiro e no seu deputado legislador
do império, este só idealizando leis favoráveis àquele, sendo que, dividir as
terras em sítios e chácaras para vendê-las, constituiu fato não constante na
referida emenda da Lei de Terras, pois, óbvio, a grande propriedade estava fora
de cogitação, naqueles tempos, de vir ser dividida, tendo sido em São Manuel do
Paraíso a salvação do imigrante italiano.” .
Escola Municipal do Bairro dos Machados em 1927
ao centro o Professor Atilio Innocenti.
Tal atitude de
retalhar a Fazenda Santo Antonio dos Machados evidenciou que o município seria
realmente o paraíso para os imigrantes principalmente os italianos que
desejavam adquirir uma porção pequena de terras para cultivo. Neste período foi
cultivado pelos novos proprietários café, cereais, frutas verduras, legumes
diversos, sendo produzido também vinho de boa qualidade.
Tal atividade de
democratização das terras dos Machados começou a trazer prosperidade ao
município, vez que os lucros advindos do cultivo e produção eram reinvestidos
na própria terra, esta atitude movimentava a economia local, ao passo que os
latifundiários existentes no município remetiam seus lucros para outros centros,
e cultivavam a monocultura do café, e também dependiam e muito de empréstimos
advindos do Estado. É preciso lembrar o que Brollo ensina: “o processo de democratização da propriedade agrícola aspiração
política procurada a sua real concretização pelos imigrantes italianos com
todas as forças, dada às próprias conceituações do movimento anarquista
trazidas da Itália à época.”
Com a venda de
quase todas as porções de terras dos Machados sobrou a Capela da antiga e
extinta Fazenda Santo Antonio dos Machados. Tal capela foi doada a Igreja
Católica no ano de 1928
Abaixo a copia da
escritura de doação da Capela do Bairro dos Machados em março de 1928.
“Livro
nº 38 anx: fls: 50 a 53
Primeiro
traslado
Escriptura
de doação que fazem Bernardo
Fernandes Leite e
mulher
no valor de
-100$000
Saibam
quantos esta virem que as sete dias do mez de março do anno do nascimento de
nosso senhor Jesús Christo de um mil novecentos e vinte e oitos nesta cidade de
São Manoel, Estado de São Paulo em cartório perante mim Tabelião, compareceram
como outorgantes doadores Bernardo Fernandes Leite e sua mulher dona Josepha
Fernandes Leite lavradores proprietários residentes nesta comarca conhecidos
pelos próprios de mim Tabelião bem como das testemunhas adiante nomeadas e
assignadas do que dou fé e perante as mesmas testemunhas pelos outorgantes me
foi dito que a justo título são senhores e possuidores livres e desembaraçados
de qualquer onus ou hipothecas de uma parte de terras com cafezais e outras
bem-feitorias situada na Fazenda Santo Antonio dos Machados neste município e
comarca de São Manoel e como melhor
consta do decimo sexto pagamento dos autos de divisão de Joaquim José de
Oliveira.”
“E pelo cartorio do 2º officio digo do 1° officio
que dessa parte de terras tem resolvido de sua livre e expontânea vontade sem
constrangimento de pessoa alguma fazer doação á Capella de Santo Antonio de um
lote de terreno com a dimensão de oitenta palmos de frente por cento e vinte e
um palmos de fundo o qual fica situado juntamente no lugar ocupado atualmente
pela capella existente e com frente para
a estrada do Sitio de Antonio Naliato e
dividindo por todos os outros lados com
elles ---(?), e desse modo fazem a doação sem onus de qualquer condição
de qualquer espécie ficando o terreno
sob a mesma administração da actual capella que vem a ser a administração
catholica romana da diocese a que pertence
esta freguesia que em vista de não estar presente o representante legal
da igreja que deveria ser um procurador de sua Exc.Reverendissima o Bispo
Diocesano para receber a presente doação marcam elles outorgantes o prazo de
trinta dias para que seja aceita expressamente a presente doação
encarregando-se da notificação regular a quem de direito o sr Vigario da
Paroquia Padre -----(?) Proprio assim
como as testemunhas que assim transferem desde já a posse da capella de Santo
Antonio todo o jus dominio e acçoes que tinham em mencionado terreno e
apresentaram me a o-----(?) seguinte estado de São Paulo transmissão antes nº
73 exercicio de 1928 valor 100$000 total 71700. A folha do livro caixa fica
debitado o Collector dr Julio Fascetti pela quantia de 71700 recebida de Bernardo Fernandes Leite
e mulher imposto de transmissão transcripção
e addicional sobre 100$000, por quanto fazem doação a Capella de Santo
Antonio representada pela Mitra Diocesana de um lote de terreno na Fazenda
Santo Antonio do Machados nesta comarca com 80 palmos de frente por 125 palmos
de fundos. Em tempo vale a entrelinha que diz mulher. Collectoria de rendas de
São Manoel do Estado de S. Paulo em 7 de fevereiro de 1928. Sr collector J.
Fascitti e escrivão Angelo Delgallo . Decorre assim me disseram e pediram
lavrar esta escriptura a mim hoje distribuida que lhes sendo lida – outorgaram
e assignaram com as testemunhas Amaro Amando e Augusto Mitilão Rodrigues a tudo
presentes assignaram tambem o sr vigario padre ----(?). Doadora que é
analphabeta; Antonio Gimenes Filho, e dou fé. Eu João Baptista A. Barbosa tabelião a escrevi---Bernardo Fernandes
Leite, Antonio Gimenes Filho, Padre Jose Maria da Silva Paes Amaro, Amando
Augusto Militão Rodrigues.Traladada na mesma e dou fé eu João Baptista A.
Barbosa Tabelião, o conferi, subscrevo e assigno em publico (?).”
Cópia original da escritura de doação da capela
Programa da festa no Bairro dos Machados em 1912
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