24/11/2015

DR. ALFREDO GUEDES...

  
Ventos e vozes me levam, me trazem. Alvoroçando-me.
Sina de garimpeira... Emoção por vocação!
Coração materno, sem filhos. Parindo ninhada de histórias.
Alma guardiã das ancestrais memórias!
Embalando segredos em dança frenética...
Vagalumes a pontilhar a escuridão...é o nosso regresso!
Alfredo... Alfredo... Alfredo...
Guia perfeito... Côncavo de minha alma. De meu espírito, o convexo.
Inspiração da paixão! Da busca, o meu chão!
Alquimia de ideais e de desejos, brotou em minha pele.
Faz-se quente e presente aquilo que fora o seu dom.
Entrego-me inteira... E então segues comigo... Agora sei a garimpar... Garimpar...

"VENTOS E VOZES"

A chuva, desde os mais remotos tempos, sempre me deixou nostálgica e com a sensibilidade a florescer.
O barulho de nossas antigas águas, os cheiros que retornam de nossas terras sempre férteis.
 Ah! As folhas e arbustos, encharcando-se com o retorno milenar das sempre santas águas em seu ciclo constante de idas e vindas...
Mas hoje, misticamente os ventos vieram me buscar. Vozes de outras dimensões me levaram sem resistência alguma.
Senti mesmo vontade de me entregar àquela flutuação enfeitiçada de magias e encantamentos de vibrações seculares...
Sussurros ao meu ouvido anunciaram-me a chegada num outro tempo.
Entretanto, no mesmo espaço.
E, encontro-me com a personalidade intrigante do dr. Alfredo Guedes.
Ainda envolta pelos sussurrantes ventos, adentro a guardiã ancestral, "Capela da Areia Branca"!
Reverencio em demorada inclinação todos os antepassados que me recebem. Agradeço à divindade pela oportunidade da sagrada busca.
Levanto-me a pedir licença...
E ao meu lado, alto... Longilíneo, me acompanhando já há muitas luas... O Dr. Alfredo Guedes.
 Político e empreendedor, com a bagagem de deputado estadual entre 1892 a 1894 e 1898 a 1900; secretário dos negócios da agricultura na vigência do mandato do Coronel Fernando Prestes, advogado e jornalista.
Proprietário do jornal "Tribuna Livre" de casa branca, e colaborador de outros importantes jornais do Estado de São Paulo; um estadista por definição e personalidade, conduta e sentimento!
Filho de José Guedes, Barão de Pirapitingui, cafeicultor e grande capitalista.
 Afredo foi trazido ao mundo, na cidade de campinas, no ano de 1868, com o compromisso de desenvolver intensa e extensa trajetória política e social... E assim fez!
Prestou relevantes serviços para o Estado de São Paulo, teve importantíssima atuação como articulador da implantação da cidade de Tambaú, grande benfeitor de Piracicaba e região, bem como na implantação da escola agrícola Luiz de Queiróz.
Descubro então, que seu berço foi de primordial decisão na orientação de sua jornada. Sua irmã trouxera consigo, pedras a lapidar, brilhando na semana de arte moderna de São Paulo em 1922. Culturalmente revolucionária; Olívia Guedes Penteado. Viveu por tempos em Paris, de onde trouxe exemplares de expoentes artistas...
Aassim como a irmã, Alfredo trazia na genética física e espiritual, os elementos revolucionários e sagrados de uma época...
E ouço o cavalheiro a contar-me de nossa "Capela de Areia Branca"... Dos trilhos da estrada de ferro e seus estridentes trens de sonhos... Desde os idos 1898... Alfredo presenciara a antiga guardiã, Capela da Areia Branca... Lutara... Numa época em que seus intentos desabrocharam na realidade crescente do ouro verde do café!
Capela da Areia Branca, em 1918, cedeu seu nome que homenageava o nosso córrego, para reverenciar a personalidade marcante do homem que ali frequentava... Já era nosso, o Alfredo da Capela da Areia Branca. Areias brancas do Alfredo..o Guedes de nossos córregos... Das águas santas que vão e retornam.
A me acompanhar. A me buscar com os ventos e as vozes!
Casou-se com Albertina Azevedo Guedes, mas não tiveram filhos, que não fossem o seu legado para a história.
E os mesmos ventos e as mesmas vozes que me envolveram em misteriosa viagem ao passado, levaram Alfredo ainda muito jovem para outras paragens... Aos 36 anos!
belo e inteligente! Culto e único!
Cavalheiro a acompanhar-me, um príncipe em seus modos. E deixa-me aos ouvidos a promessa de outros vendavais...
Eu esperarei, Alfredo...


 CÉLIA MOTTACÉLIA MOTTA

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