A importância de
São Manuel não se pautava somente na política, também nos meandros esportivos, a
cidade foi palco de uma das maiores provas automobilísticas
da época. Tinha ouvido de muitas pessoas este feito, no entanto, ao que cabe o dever da pesquisa, evidenciei que os fatos narrados pelos mais antigos
se pautam na pura verdade. Não era uma lenda, uma invenção.
Nos
dias 8, 9 e 10 de dezembro de 1949 foi realizada a “Prova Automobilística
Washington Luiz”, patrocinada pelo Automóvel Clube do Brasil, era uma prova
automobilística que passava por diversos municípios do Estado de São Paulo
totalizando 1210 quilômetros que consistia sua largada de São Paulo, passando
por São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Sorocaba, e por diversas
cidades que ficavam no percurso entre elas o Município de São Manuel.
Dentre os 41 pilotos devemos
destacar o campeão Chico Landi. A saída foi dada de forma simbólica dia 8 de
dezembro no Vale do Anhangabaú pelo governador paulista, já na Via Anchieta foi
promovida a saída oficial.
O piloto Chico
Landi se sagrou campeão da primeira etapa que terminou em São José do Rio
Preto. No entanto na segunda etapa ao
chegar no Município de São Manuel por volta de onze horas uma tragédia ocorre,
tal episódio foi descrito pelo Jornal de Noticia da capital que dizia: “O consagrado volante patrício Francisco
Landi não foi feliz na sua passagem por esta cidade. Disputando o 2º lugar na
rua Batista Martins ao virar para entrar na rua Epitácio Pessoa, devido a um
desarranjo, este volante viu-se obrigado a bater violentamente com o carro na
parede do prédio nº 298, afim de não atropelar os assistentes postados nesta
esquina.” Não se sabe exatamente o que aconteceu com o piloto para perder o
controle, o Jornal O Diário Carioca descreve: “Chico Landi que mantinha a dianteira ao chegar em São Manuel em alta
velocidade, foi cercado pela multidão. Para não fazer numerosas vítimas entre o
povo jogou o carro contra a parede.” Na verdade, o que pode ter ocorrido
foi a falha nos freios, O Jornal Folha da Manhã através de seu enviado especial
Aroldo Chiorino descreveu com riqueza de detalhes o fatal acidente: “Os carros já estavam chegando a São Manuel e
para tal, desciam uma forte ladeira que dá acesso à praça principal. Apontou o
veículo de Chico Landi e quando o renomado volante solicitou os freios estes
falharam inteiramente. No fim da ladeira se poitava enorme multidão, para
assistir à chegada dos carros. Vendo o perigo, Chico Landi tratou de parar a
sua máquina de qualquer maneira e sua primeira manobra foi no sentido de
escorá-la contra o meio fio. Esterçou o veículo, mas os pneus derraparam, e o
carro prosseguiu na sua marca. Landi divisou um poste à sua frente e ajeitando
o carro quis pará-lo de lado, mas novo insucesso lhe estava reservado, pois o
carro escorregou, perdendo então a maçaneta. Já então a situação era desesperadora
e a multidão estava ameaçada Landi então lançou mão do último recurso abalroar
a parede de uma casa. Foi o que fez.”
Deste infeliz acidente uma vítima
não escapou, foi o colono da Fazenda São Luiz o senhor Olegário dos Santos, segundo
os relatos nem pretendia assistir a prova, viera a cidade com sua esposa e
cinco filhos para fazer compras, no acidente foi prensado contra a parede e
morreu no local. “Menos feliz foi o
lavrador Oligário dos Santos, (...), que se achava, no momento encostado á
parede desse prédio, tendo sido imprensado entre o carro e a mesma, vindo a
falecer instantes após.” Jornal de
Notícias. Chico Landi ficou ferido também, mais nada grave sendo encaminhado ao
Hospital Casa Pia São Vicente de Paulo recebendo assistência. O piloto ficou
abalado com o acontecimento, ao Jornal Folha da Noite ele disse:
“Não fosse a precipitação, nada compressível
do colono, e agora não estaria eu neste estado, e todos lamentando uma preciosa
vida. Bastaria que a vítima tivesse parado, quando eu dirigia o carro para que
não fosse alcançada. Ou então que seguisse o exemplo de sua mulher e seus
filhos, correndo para baixo. Mas ele fez
justamente o contrário. Foi terrível, pois meteu-se debaixo do carro quando eu
nada poderia fazer.”
Chico Landi desistiu
da prova, o local do trágico acidente existe até hoje com a mesma esquina, o
mesmo número, o mesmo poste, algumas alterações mais o mesmo prédio. Tal
episódio descrito é contado por todos são-manuelenses mais antigos.
Aqui estampamos os fatos ocorridos
mostrando não somente um acidente embora evidente que uma vida se perdeu, mas
sobretudo mostramos a importância de um município que recebia uma prova
automobilística onde os principais pilotos do Brasil passaram por este
chão.
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